"De três em três pontos se vai construindo uma cada vez mais sólida candidatura ao título. De três em três golos vai o nosso artilheiro, Óscar Cardozo, convencendo os mais cépticos de se tratar, desde já, de um nome para entrar na mais fina prateleira da história do Glorioso Benfica.
É espantoso como um avançado que, apenas em jogos oficiais, marca 146 golos – dos quais 7 ao FC Porto, 10 ao Sporting, 27 nas provas europeias…- em cinco temporadas e meia (melhor média de sempre atrás de Eusébio e José Águas), não recolhe, ainda assim, a unanimidade das simpatias dos adeptos. Mesmo depois de dois “hat-tricks” consecutivos (um dos quais em Alvalade), talvez haja ainda quem não entenda a forma de jogar do paraguaio – que não assenta em requintes técnicos, toques de calcanhar, sprints inúteis ou dribles para a bancada ver, mas antes naquilo em que consiste a essência do futebol, e faz ganhar jogos: os golos.
Com um sentido posicional notável dentro da área, com movimentos de desmarcação que lhe permitem aparecer repetidas vezes na cara do guarda-redes, com um pé esquerdo fulminante (quer de bola corrida, quer de bola parada), e com uma capacidade de choque sem paralelo no futebol luso, Cardozo é, de longe, o melhor ponta-de-lança que o Benfica teve neste século XXI, bastando recorrer aos números para esclarecer tamanha evidência. Terá sido vítima, a dada altura, de uma injusta comparação com Falcao (o melhor do mundo na actualidade), mas já era tempo de todos perceberem que não é por haver sol que outras estrelas se apagam. Luisão não é Piqué, Aimar não é Messi, e nem Artur será Casillas.
Para a nossa realidade, não me parece crível que possamos ter, nem agora, nem num futuro próximo, um goleador com tão elevado grau de eficácia a comandar o nosso ataque. Vibremos pois com os golos de Tacuára, sabendo que no dia em que nos deixar, a saudade irá fazer com que finalmente todos compreendam aquilo que perderam. É que, em futebol, o que parece fácil é, quase sempre, o mais difícil."
Luís Fialho, in O Benfica
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