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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Perguntas

"A contracção económica, embora com atraso, parece estar a chegar ao futebol. Há menos agitação no mercado e mais ponderação face a investimentos injustificados. Mas, é claro, não nos iludamos: com o absurdo limite de 31 de Agosto, as loucuras voltarão na razão inversa dos minutos que faltam para atingir aquela data.
Até lá, pergunta-se. Neste mercado, perguntar é o verbo para substituir a falta de um substantivo: verba. Todos os dias há notícias sobre clubes que perguntam por jogadores. Antes, observava-se, agora pergunta-se. Às vezes não sei a quem. E, de vez em quanto, dá a sensação que se trata apenas de perguntar por perguntar. Mas já ninguém pergunta por essa ficção contratual chamada cláusula de rescisão e, no mercado doméstico, com o inusitado fim dos empréstimos, os pequenos deixaram de perguntar aos grandes. Outras vezes pergunta-se para que outros deixem de perguntar ou continuando a perguntar o preçario pós-pergunta seja inflacionado. Também já se vai verificando o inverso: um jogador que pergunta por um clube. Por exemplo e se não estou enganado, Simão Sabrosa perguntou pelo Benfica.
Por este caminho, depois dos olheiros, agora promovidos a scouters, vamos ter nos clubes uma nova classe profissional: os perguntadores renumerados em função da sua maior ou menor língua de perguntador, mesmo que as perguntas sejam de algibeira (aqui no sentido literal)...
Neste contexto, vem-me à memória Alvin Toffler: «A pergunta certa é geralmente mais importante do que a resposta certa à pergunta errada.» Ou o nosso Virgílio Ferreira: «Uma pergunta não interroga: uma pergunta diz a resposta.»"

Bagão Félix, in A Bola

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