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terça-feira, 24 de julho de 2012

Incongruências

"As incongruências no futebol são cada vez mais chocantes. Por um lado Platini, do alto do seu púlpito presidencial da UEFA, prega o fair play financeiro, sob pena de exclusão das competições europeias. Por outro, o xeque Al Thani, novo patrão do PSG, marimba-se para o fair-play e compra a eito os maiores bigs da Europa por quem paga fortunas: 100 milhões de euros por Lavezzi, Thiago Silva e Ibrahimovic. Só este recebe 14 milhões de euros/ano mais bónus, um salário que escandalizou o próprio inquilino do Eliseu. E assim a Itália vai ficando cada vez mais depauperada de estrangeiros de referência. O grande mal, porém, não é o faraónico ordenado do sueco mas a loucura que globalmente se paga pelo custo da mão-de-obra. Oito clubes em dez têm despesas com o pessoal que absorvem todo o orçamento de receitas! Agora que as vendas estão em queda livre, quem suporta as despesas de funcionamento?
O fogo de artifício também se apagou em Espanha, onde o mercado está parado e o Málaga, que tem atrás de si outro xeque, corre o risco de ver fechada a porta da Europa. Por sua vez, o Barcelona viu-se obrigado a desistir de renovar o contrato a Keita (foi para a China) para não ter de pagar 52 por cento de IRS em vez dos 24 da prescrita lei Beckham e, espantem-se!, ter perdido o apoio da banca. Do mesmo mal padece o Real Madrid, que em 2009 precisou de um empréstimo de 80 milhões de euros da Caja Madrid, ainda em dívida, para adquirir os passes de CR7 e Kaká. Entretanto, a Caja e outros institutos financeiros foram fundidos no Bankia, que faliu, e houve quem sugerisse que os certificados dos dois jogadores fossem entregues ao Banco Central Europeu como garantia. Vejam bem onde isto chegou."

Manuel Martins de Sá, in A Bola

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