"Escrevi aqui mesmo, na passada semana (antes do jogo de Braga), que a continuidade de Jorge Jesus não merecia sequer ser posta em causa, e que tal discussão apenas interessava aos nossos adversários - que, de resto, a fomentavam. Disse então que não podia ser um jogo, uma competição, ou mesmo uma temporada, a liquidar todo um trabalho que já deixou marca de competência. Não seria pois a noite de Braga - por muita dor que tenha causado - a alterar uma vírgula àquilo que então escrevi. Hoje, para que não fiquem dúvidas, reitero em absoluto a mesma opinião.
Jesus é um extraordinário treinador, e, no contexto actual, não vejo qualquer opção disponível que dê garantias de o poder substituir com vantagem. Trata-se de alguém que já conhece o clube, que conhece muito bem o futebol português, que foi campeão e ganhou outros troféus, que valorizou os jogadores, e que, com um pouco menos de azar, pode devolver o Benfica ao lugar que todos desejamos. E se não o conseguir fazer (os outros também jogam, e estão muito fortes), não creio que possamos necessariamente inferir que mais alguém o consiga.
Não sou amigo de Jorge Jesus (troquei com ele duas ou três palavras de circunstância), nem sei se é simpático ou antipático, ou se é muito ou pouco popular entre os seus. Nada disso me interessa. Sei que muitos jornalistas não gostam dele, o que não é necessariamente um mau sintoma.
Sei também que, quem trabalha diariamente com ele, quem conhece os planos de trabalho, os problemas da equipa, e a forma como ele os resolve, estará obviamente em melhores condições para o avaliar - e, pelo que se percebe, essa avaliação tem sido positiva. Mas quem tenha como base de análise apenas aquilo que se vê do lado de fora (e é esse o meu caso, como o da generalidade dos opinadores), só por má vontade poderá questionar as suas qualidades. Até porque, vendo as coisas friamente, esta terá sido (com Taça da Liga, 2º lugar, e meias-finais europeias) a quarta melhor temporada do Benfica nos últimos 15 anos."
Luís Fialho, in O Benfica
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