"Não sei se Fábio Coentrão é benfiquista desde pequenino. Até creio que não. Mas que joga à Benfica como ninguém é uma realidade. No clube que o catapultou para o topo desportivo, Coentrão foi o que toda a equipa deveria ter sido. Determinante, virtuoso, incansável (literalmente), fulminante. Jogos houve em que ele, praticamente só, transportou a equipa e animou os benfiquistas.
Nele tudo transparece com vivacidade e autenticidade, como que vindo vulcanicamente das entranhas da alma. Um golo por si marcado e festejado ou uma vitória espelham-se naquele corpo franzino e rosto esguio, de um modo superlativo e contagiante. Assim como o desaire é por ele vivido com a estampa de um rosto revoltado, amargurado e sofrido.
É por todas estas razões e pelo que já deu ao meu clube, que o admiro e felicito vivamente. Não esquecendo Jorge Jesus que o moldou como um jogador de elite, porventura o melhor jogador mundial na sua posição.
Sei que não é fácil segurá-lo, num tempo de ditadura dos milhões. Mas não é impossível. Coentrão tem dito repetidamente que adora o clube e tem muitos anos pela frente. Sem Fábio, o Benfica fica acentuadamente diminuído porque ele é meia-equipa. E leva multidões ao estádio. Os 30 milhões da cláusula de rescisão são uma minudência face ao que pode dar de retorno para o futuro do Benfica. Não há euros que compensem a alma futebolística de Coentrão.
Será um erro que se pode vir a pagar bem mais caro, aceitar a sua transferência. Como, aliás, se viu este ano com outros jogadores fundamentais. Não há equipa e treinador que resistam à saída constante dos seus melhores. Coentrão é dos nossos, é o melhor e cá deve ficar. Bem compensado, evidentemente."
Bagão Félix, in A Bola
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