"Quando as luzes se apagaram uma sensação de alívio tomou conta daquelas insalubres almas penadas às quais o sol faz mal como a qualquer vampiro chupa-sangue barato de novela pobre. Afinal, é a cobro da noite de vielas esconsas que se habituaram a agredir jornalistas incómodos com a cobardia própria de quem tem vergonha da cara com que nasceu.
É na escuridão de bairros suburbanos que conduzem árbitros corruptos para encontros secretos nos quais conbinam resultados falseados.
É na sombra húmida dos calores da noite que se apaixonam por prostitutas, as levam ao altar e as apresentam ao Papa como sobrinhas devotadas aos prazeres sórdidos dos tios decrépitos.
Ah! As trevas são o seu mundo. Apaguem-lhes as luzes; apaguem-lhes as luzes todas; apaguem até a luz do dia!
Quando as luzes se apagaram saltaram uns sobre os outros como animais esfaimados. Veio-lhes, de repente, uma fome de destruição e uma vontade ensandecida do caos que nasce da tibieza de quem se sabe protegido pelo manto negro do anonimato.
É assim que partem ao assalto de gente inofensiva, se enrouquecem em insultos torpes a famílias incautas, agridem crianças sem rebuço, apedrejam qualquer alvo que se mova na fuga a esta turba enlouquecida.
Mas que bichos são estes que assim se comportam?
Quem são esses peralvilhos que se orgulham do que roubam, do que esbulham?
Quem é esta caterva de solípedes que se retouça no própria excremento?
Quem são estas alimárias que se descobrem, por incompetência dos polícias e conluio dos tribunais, acima das leis da República e à margem das regras lhanas das relações humanas?
Gente não é.
Gente não se comporta assim. Por isso, apaguem-lhes as luzes! Apaguem-lhes todas as luzes! Afinal, é no conforto macabro das trevas que os vermes se multiplicam. E os fungos."
Afonso de Melo, in O Benfica
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