Luís Filipe Vieira inaugurou ontem a Casa do Benfica em Alvaiázere.
Como é hábito, durante a inauguração, efectuou um discurso que transcrevo na integra, porque penso ter conteúdo importante, para que nós indefectíveis possamos discutir muitos dos pontos abordados.
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Inauguração Casa do Benfica em Alvaiázere
Discurso do Presidente do SL Benfica
A maior riqueza que o Benfica tem, aquilo que é a base mais sólida, mais indestrutível do Clube, são as pessoas.
Um Clube como o Benfica sempre se construiu em função dos seus sócios, porque no fundo sempre foram eles que projectaram o Clube, que o fizeram crescer e, em alguns momentos, tiveram a coragem de o salvar! Esta é a verdadeira riqueza do Sport Lisboa e Benfica, as suas pessoas!
Foi assim que se construiu a nossa história de 105 anos. E foi essa vontade que nos trouxe até aqui, foi essa vontade que nos permitiu construir a história que temos. Mas a verdade é que não podemos, nem iremos, descansar à sombra dessa história, porque esse seria o primeiro passo para comprometer todo o futuro.
Permitam-me que comece por agradecer, neste momento a duas pessoas, sem as quais possivelmente não estaríamos aqui hoje.
Em primeiro lugar à Presidente da Casa do Benfica de Alvaiázere, Drª Helena Ventura. Na sua pessoa, gostaria de agradecer a toda a Direcção da Casa de Alvaiázere, pela sua determinação, pela sua vontade, pela paixão que sempre pôs neste projecto!
A minha segunda palavra, como não podia deixar de ser, é para o Engº Alberto da Ponte, Presidente da Central de Cervejas - hoje aqui representado pelo Engº Mata Torres - e parceiro fundamental neste processo de uniformização da imagem de todas as nossas casas.
Atrevo-me a dizer que sem o seu suporte, teríamos tido mais dificuldades em avançar, pelo menos com a velocidade com que o temos vindo a fazer!
É inteiramente justo, por isso, que destaque o seu envolvimento – o envolvimento da Central de Cervejas – com o Benfica, e em especial com este projecto, mas é igualmente justo que diga que como gestor rigoroso e bem sucedido que é, o Engº Alberto da Ponte só se envolveu neste projecto porque sabe a dinâmica, a grandeza e a capacidade de retorno que o Sport Lisboa e Benfica consegue gerar.
Engº Mata Torres, espero sinceramente que a parceria entre as nossas duas instituições dure muitos anos e que seja – como estou certo que será – benéfica para todos!
Todos nós somos responsáveis por transmitir aos mais novos os valores e a dimensão deste projecto. É por isso que as Casas do Benfica são importantes, porque parte da preservação da nossa história passa por aqui.
Trata-se de um património incalculável, porque as Casas representam a diversidade dos locais e das pessoas que vivem diariamente o nosso Clube.
Elas testemunham a dimensão universal do Benfica. É por isso com enorme satisfação que me encontro aqui, hoje.
Mas mais do viver e preservar a história do Benfica, é importante que as Casas se integrem cada vez mais na comunidade onde estão inseridas, e por isso não posso deixar de destacar o facto desta Casa se ter candidatado e ter sido seleccionada como um Centro de Formação no âmbito do projecto das "Novas Oportunidades".
Muitos julgaram, quando este processo de uniformização da imagem das Casas começou a ser falado, que tal não seria possível, que era um projecto demasiado ambicioso, demasiado ousado.
A verdade é que era uma necessidade e que estamos a responder. Hoje, já ninguém dúvida da nossa capacidade em conseguir concretizá-lo.
Ao contrário de outros, as dificuldades estimulam-me! Quando o mais fácil é ceder, é ai que devemos lutar. Alguns já teriam desistido, mas a minha natureza é outra.
Foi assim que formei o meu carácter, foi assim que sempre estive na vida. As dificuldades devem ser vistas como oportunidades e não como simples barreiras.
Tal como o Benfica, que encontrei quando cheguei com o Presidente Manuel Vilarinho, foi capaz de acordar, de renovar forças, de conseguir sair de um lugar onde alguns o tinham condenado, também neste projecto das Casas temos de seguir em frente, reforçando e valorizando toda esta rede já criada e que diariamente continua a crescer.
O tempo passa com demasiada rapidez, e muitas vezes – além das marcas físicas que deixa como, por exemplo, os meus cabelos brancos - também apaga partes do percurso que deixámos para trás. À luz da realidade que vivemos hoje já são poucos os que valorizam o tremendo esforço que foi feito na recuperação do Clube.
São já poucos aqueles que se lembram qual foi o ponto de partida e, no entanto, não foi assim há tanto tempo!
Infelizmente, é algo normal nos dias de hoje, quando as tempestades são ultrapassadas e se navega em águas calmas as pessoas vão esquecendo o que deixaram para trás. Mas é bom que nunca se esqueçam por onde andamos e o que tivemos de fazer, porque só essa memória nos pode permitir evitar voltar a trilhar os mesmos erros do passado.
Quando cheguei ao Benfica fui confrontado com uma história que excluía os sócios da vida do Benfica, que dividia, que pôs em risco a existência do próprio Clube. Fui confrontado com dívidas por pagar, com processos judiciais complexos. Fui confrontado com a descrença e o desânimo daqueles que são a alma do Benfica: os seus sócios.
Apesar disso, sempre acreditei que era possível reverter a situação, sempre acreditei que era possível voltar a construir um Benfica de todos.
O tempo, o trabalho e o empenho de muitas pessoas, deu-me razão! O Benfica tem hoje condições para voltar a recuperar a mística, os valores e dinâmica desportiva que conheceu algumas décadas antes!
Procurámos sempre encontrar as melhores soluções e todo o trabalho realizado é o reflexo daquilo que sempre ambicionei para este Clube.
As dificuldades de hoje são – felizmente – bem diferentes daquelas que tivemos de resolver no passado.
Demos uma linha de rumo ao Benfica, e nesse caminho que foi traçado, os sócios e adeptos, fizeram sempre parte deste projecto. É por isso que aqui estou hoje, foi por isso que o projecto das Casas foi sempre acarinhado por todas as Direcções por mim presididas.
Vivemos um tempo de muitas exigências e de muitos desafios, de algumas dificuldades e de vários riscos. Mas vou ser claro: ao falar de dificuldades e de riscos estou a falar também da nossa capacidade e da nossa energia. Ela está longe de se ter esgotado!
Foi assim no passado, é assim no presente e assim continuará a ser no futuro!
Viva o Benfica!
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