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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

A última dança entre Messi e Ronaldo foi uma lambada


"Os dois melhores de uma geração não jogam um contra o outro desde 2020 – deixem-nos ficar assim

Al Nassr e Inter de Miami jogaram há uns dias, na Arábia Saudita, e este podia ter sido só mais um evento entre dois campeonatos muito distantes, mas igualmente desesperados por nos convencer a vê-los. Só que estas são as equipas onde jogam Cristiano Ronaldo e Messi e adeptos de futebol por todo o mundo - especialmente em Portugal e na Argentina - podem tê-los longe da vista, mas não do coração.
Os dois melhores de uma geração (ou mais...) continuam a atrair muitos fãs, pelo que este jogo teve a maior atenção mediática possível. Muitos fãs de Ronaldo e Messi (não dos respetivos clubes...) significam muita receita, muita publicidade, muito dinheiro. O que ainda custa a aceitar é que tudo isto já significa muito pouco futebol.
O Al Nassr ganhou por 6-0, Cristiano esteve na bancada e Messi entrou uns minutos só para alguns não acabarem o jogo a chorar por não ver nenhum dos dois. Em campo estiveram vários artistas: Otávio marcou um golaço, Talisca fez um hat-trick, Jordi Alba, Busquets e Luis Suárez andaram por lá. E, no entanto, onde foi parar a emoção de ver este jogo?
A última dança de Messi e Ronaldo não foi, assim, na Arábia Saudita, e não será de certeza nos Estados Unidos. O argentino e o português estão neste sapateado, um contra o outro, desde 2008, com o segundo ainda em Manchester. E temos de começar a perceber que a valsa daqueles Barcelona-Real Madrid tocou durante quase uma década, mas já não se ouve.
Os dois deram-nos a melhor coreografia para esses clássicos, tivemos direito a golos, assistências, picardias, rivalidade, emoção e futebol de outro mundo. Vimo-los todos por causa deles, e o resto nem era pouco.
E desde 2020 - naquele encontro furtuito entre Barça e Juventus na Liga dos Campeões - que não os vemos no mesmo campo (ignoro propositadamente um posterior amigável entre PSG e um conjunto de ‘ estrelas’ do Al Nassr e Al Hilal, poupemo-nos a isso).
Gostaríamos de ter tido um Portugal-Argentina no Mundial do Catar, para que os dois pudessem disputar o troféu que lhes faltava, mas não tivemos essa sorte.
Portanto, chegados a 2024 - que é um ano que sempre soou a um futuro muito distante -, está na hora de olharmos para o presente de Cristiano e Messi: quem dera a muitos ter esta qualidade em qualquer momento da carreira, quanto mais aos 38 e 36 anos; mas deixem-nos estar ‘quietos’, lá na liga saudita ou na norte-americana, cada um no seu canto, com os vídeos promocionais - e propagandísticos - do turismo na Arábia Saudita, os milhões de seguidores nas redes sociais e as ainda existentes polémicas sobre os prémios individuais.
Podem parar de esforçar-se para os juntar. Já passámos por isso, foi incrível, não vale a pena estragar com ‘lambadas’ destas.
Obrigada por tanto, Messi e Ronaldo, fomos muito felizes convosco."

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