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domingo, 16 de dezembro de 2018

Do Funchal a Montalegre

"O Benfica, que vive um ciclo de consecutivas vitórias, mesmo que não entusiasme, tem de mostrar alma acrescida e vontade renovada

1. Esta segunda quinzena de Dezembro é bem importante para as principais marcas do futebol português. Disputam-se duas jornadas da nossa Liga, uma eliminatória da Taça de Portugal e a jornada derradeira da Taça da Liga, aquela que permitirá saber os clubes que marcam presença na final four desta competição. E, amanhã, Futebol Clube do Porto, Benfica e Sporting ficarão a conhecer, para um estudo profundo, os adversários que lhes calharão em sorte na Liga dos Campeões e na Liga Europa. Tendo feito, é justo dizer e reconhecer, o Futebol Clube do Porto uma extraordinária fase de grupos, o Sporting - agora sob nova e interessante liderança! - uma motivante Liga Europa e o Benfica tão só assegurado a transição da atractiva Liga dos Campeões para a Liga Europa com uma vitória grega que foi mais estimulante para a tesouraria da SAD do que para os milhões de adeptos que, no estádio ou na cadeira ou, logo, no sofá, assistiram aos largos minutos de pouca imaginação colectiva que lhes foram proporcionados na passada quarta-feira. E, quase no final, o momento de magia de Grimaldo quase tudo fez esquecer. É o sortilégio do futebol. Um remate, uma superação, uma vitória, muito dinheiro, pouca dor, suficiente alegria e a crença de sempre! Como bem nos ensina, em cada momento de regresso ao nosso convívio, o nosso bem querido Toni!

2. Ontem o Porto nos Açores. Hoje o Benfica na Madeira. E o Sporting a receber, em Alvalade, o Nacional. Os três clubes que representam, e bem, as nossas duas Regiões Autónomas jogam (jogaram) na mesma jornada contra os três grandes do futebol português. Sem menosprezo algum em relação ao Sporting de Braga que, jornada a jornada, e quase sem darmos por ele, ganha e marca, motiva, motiva e estimula. E no próximo domingo, vésperas de Natal, joga na Luz. E o Sporting em Guimarães e o Porto recebe o Rio Ave. Os seis primeiros classificados da nossa Liga defrontam-se e confrontam-se no próximo domingo. Até lá o Benfica tem de ultrapassar, mesmo que seja sem qualquer nota artística, o renovado Marítimo de Petit e, a meio da semana, desloca-se, para a verdadeira festa da prova rainha do futebol português - a Taça de Portugal - a Montalegre. Serão dois jogos diferentes. Hoje o Benfica tem de ganhar, tem de conquistar os três pontos. Sabe bem que não pode alargar a diferença pontual para os seus direitos adversários e bem consciência que após ter goleado o Feirense na passada sexta-feira, o Sporting de Braga, de António Salvador e Abel Ferreira, virá cheio de moral no próximo domingo à Luz. O Benfica, que vive um ciclo de consecutivas vitórias, mesmo que não entusiasme, tem de mostrar alma acrescida, vontade renovada e uma fé inabalável na reconquista. E esta fé, sentida nas bancadas, tem de ser acrescida em cada relvado. Hoje, no Funchal e quarta-feira próxima em Montalegre. Com todo o respeito que esta comunidade e este clube merecem sabemos bem que faltam quatro finais para disputar a final do Jamor. Como, na minha modesta opinião, faltam quatro finais para terminar, em tranquila alegria e em assumida convicção, este ano de 2018. Com a esperança, sempre viva, que 2019 seja, de verdade, bem melhor, muito melhor. Nos resultados, em todos os resultados. E não, apenas, em proclamações semânticas ou em sonhos sonhados! Mas até no final deste ano teremos duas finais para a Liga, uma outra para a Taça de Portugal e ainda uma outra, em Aves, para a Taça da Liga.  Entre o Funchal e a Vila das Aves, teremos Montalegre e a Luz. E a Luz no antevéspera desse momento mágico, para nós cristãos, que é o Natal. Com todo o seu intenso simbolismo, toda a sua singular fraternidade e, acima de tudo, todo o imenso afecto que motiva e contagia. Todos e de todas as ideias.

3. Sabemos já os quarenta e oito clubes que marcam presença nos dezasseis avos de final da Liga Europa e nos oitavos de final da Liga dos Campeões. Esta é cada vez mais uma Liga para as grandes marcas. Para as grandes Ligas. Para os grandes nomes. Para os orçamentos de largos milhões, com ou sem fair play! Os nomes dos oitavos repetem-se anos após ano. É um mini campeonato europeu. Manchester(s) e PSG, Liverpool e Juventus, Real e Atlético ambos de Madrid, Barcelona e Bayern de Munique, Dortmund e Lyon, entre outros. São quatro britânicos, três espanhóis, três alemães, dois italianos, dois franceses e, depois um português - Futebol Clube do Porto - e um holandês, o Ajax. São sete as Ligas representadas mas com o domínio total das cinco grandes! É a consolidação de uma hierarquia de potências. Que determinará um novo arranjo das competições europeias de clubes com a anunciada criação de uma Liga Europa 2! Se olharmos os trinta e dois clubes que estão na Liga Europa percebemos que é uma Liga mais democrática. Temos quatro clubes espanhóis, três italianos, dois ingleses - só Arsenal e Chelsea... - dois alemães, dois russos, dois ucranianos, dois turcos, dois austríacos, dois belgas, dois checos e, também, os dois portugueses, Benfica e Sporting. Mas a França apenas tem o Rennes e a Holanda já não tem representantes nesta competição. Mas deparamos com presenças da Croácia, da Bielorrússia, da Escócia, da Suécia, da Grécia - parabéns Pedro Martins! - e da Suíça. Aqui são dezoito as ligas representadas o que expressa uma maior democraticidade. Mas com a tendência de grandes nomes de ontem da Liga dos Campeões chegarem hoje a esta Liga Europa. E antecipando-se assim, as razões de mudanças anunciadas, de disputas entre FIFA e UEFA acerca de novas competições de clubes e, até, antecipo, para uma luta entre globalismo e nacionalismo no futebol com os senhores do dinheiro a quererem as competições europeias aos fins de semana, relegando as nacionais para o meio da semana. E, preparem-se, esta disputa virá com o novo e será bem interessante em ano de eleições para o Parlamento europeu e para alguns Parlamentos nacionais... Nada como um outro tipo de Brexit a ... suscitar consciências. E, digo, hoje, em razão do espírito de Natal, tão só suscitar... e que, como escreveu Paul Valéry, «o homem é absurdo por aquilo que busca, grande por aquilo que encontra».

4. Boa semana. Com alguns almoços e outros jantares de Natal. Um com presença presidencial certa, acreditem! Algumas, não muitas, prendas. E com a Taça de Portugal a levar muita alegria a diferentes lugares deste nosso Portugal. Desde logo, e justamente, a Montalegre. Terra bonita de gente boa!"

Fernando Seara, in A Bola

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