"Na entrevista muito interessante que deu ao Record, Jorge Jesus colocou o dedo na ferida: 'Há aí uns malucos que querem inventar, e quando eles quiseram avançar com quotas de jogadores, o nosso campeonato vai estar ao nível da Turquia, da Grécia, da Bélgica, da Holanda.'
O pressuposto de Jesus é correcto. Ao contrário do que é sugerido por muitos dos que insistem sistematicamente na ideia do que é 'preciso repensar o futebol português', o melhor que nos podia acontecer é que se mexesse pouco no futebol português, que não aparecessem 'malucos a inventar'.
Convém ter presente que, tendo em conta a dimensão do nosso país, o seu carácter periférico, o escasso poderio económico e o número reduzido de atletas federados, os resultados do nosso futebol deveriam ser vem piores do que são. Isto é verdade em termos competitivos (veja-se o ranking UEFA dos nossos clubes), mas, não menos relevante, se consideramos a dimensão financeira - Porto e Benfica têm sido capazes de desenvolver com sucesso um modelo económico assente na valorização e venda de jovens talentos estrangeiros e portugueses.
Ora se, em lugar de dar condições para que possam prosseguir estratégias autónomas, nas quais combinam investimento em jovens de outros países com aposta nos portugueses de excelência, os clubes fossem obrigados a postar nos jovens portugueses, apenas por serem portugueses, estaríamos, de facto, a nívelar por baixo.
Sejamos realistas: não há jogadores nacionais de excelência em número suficiente para permitir aos grandes clubes manterem-se competitivos. E, pior, com onzes maioritariamente formados por portugueses, os melhores não se habituariam a jogar, desde novos, com os melhores. Em última análise, o André Gomes e o Rúben Neves, para dar apenas dois exemplos, seriam objectivamente prejudicados."
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!