"Já é difícil falar a sério das arbitragens de Pedro Proença em Portugal. Ele pode ser o melhor árbitro do Mundo, mas não é com certeza o melhor árbitro português.
Um dia o meu pai foi à Alemanha para tratar um problema de saúde. Falaram-lhe de um médico célebre, que vivia em determinada rua. Lá chegado, o meu pai perguntou onde era o consultório do dr. Tal, e ouviu esta resposta: “Mas por que vai a esse médico? Aqui na rua há um muito melhor.” Quando ouço falar do “melhor árbitro do Mundo”, recordo sempre esta história.
Na sexta-feira, Proença protagonizou mais um erro caricato, que nem a introdução das novas tecnologias poderia evitar. Nem no Burkina Faso um árbitro teria coragem para inventar um penálti tão inverosímil.
Estas arbitragens tendenciosas e que decidem resultados (as quais não são, reconheça-se, um monopólio de Pedro Proença) têm duas consequências importantes.
Primeira: as equipas que jogam contra o FC Porto retraem-se na disputa da bola na área, jogam a medo, sabendo que qualquer queda de um jogador portista pode ser fatal.
Segunda: o FC Porto acaba por ganhar sempre, porque ou ganha por mérito ou porque o árbitro ajuda. E isto tem uma terrível consequência: retira imprevisibilidade ao futebol português. Mesmo quando a vitória parece ir calhar ao Benfica (como nas duas últimas épocas) o FC Porto acaba sempre por vencer, por demérito alheio ou com ajudas. A ideia de que não pode haver surpresas é talvez a principal razão que afasta as pessoas dos estádios.
Voltando a Proença, não percebo o que vai naquela cabeça. Perante a evidência de ter beneficiado o FC Porto no passado, devia ser mais cauteloso. Mas não é. Talvez ache que, por ter o rótulo de “melhor árbitro do Mundo”, ganhou um estatuto de impunidade que lhe permite fazer o que quer. Mostra a sua “coragem” marcando penáltis fantasma que, como o de sexta-feira, resolvem jogos. E Pinto da Costa, absolvido no Apito Dourado, ri na tribuna e chama palavrões aos circunstantes, perante o gáudio da sua corte."
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