"A narrativa é simples e desconcertante na actuação flibusteira das personagens da trapaça.
O Benfica, essencialmente por razões estratégicas, decidiu, em boa hora, terminar com uma espécie de oligarquia das transmissões televisivas de futebol em Portugal. Os passos foram simples, legítimos e a contento da esmagadora vontade da gigantesca massa adepta do Glorioso: cumpriu integralmente o contrato de cedência dos direitos televisivos da sua equipa sénior de futebol e, findo esse contrato, optou por não renegociar com o monopolizador dos mesmos, optando por transmitir os jogos no seu próprio canal televisivo, a Benfica TV. Conjuntamente com essa decisão, o Benfica adquiriu os direitos de transmissão, em Portugal, do jogos do campeonato inglês. Ou seja, legitimamente, sem atropelar a lei, a ética ou a moral, o Benfica terminou com uma posição de monopólio de uma outra entidade dirigida por Joaquim Oliveira, de quem o seu irmão António (e também seu ex-sócio) garante ser um dos principais manipuladores da grande teia de influências que minam o futebol português.
A resposta veio à sorrelfa e numa espécie de esquema engendrado com base na “chico-espertice” de quem confunde a geometria, confundido a tangente com a secante da circunferência. Ou seja, garantir que as duas principais plataformas de difusão televisiva (Zon e Meo) não poderão apresentar canais com conteúdos que concorram com os do canal do Sr. Oliveira é muito mais do que um mero contorno da lei. É um atropelo dos valores, da moral, da ética e da justiça que estão (ou deveriam estar) subjacentes à elaboração de qualquer lei. É, enfim, um esquema ardiloso que deveria envergonhar os cidadãos e as empresas que o patrocinaram.
Em suma, estamos perante mais uma luta que temos de travar, contra os mesmos de sempre e em nome dos valores que sempre nos nortearam."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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