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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Não há teoria que contrarie a lógica simples do futebol


"Se não marcas é certo que não ganhas; se não marcas e ofereces presentes ao adversario é quase certo que perdes. Podemos estar o dia inteiro a discutir este jogo, mas dificilmente sairemos daqui...

Monsieur de La Palisse dificilmente diria algo mais assertivo, mas a verdade é que às vezes a realidade explica-se a si própria de forma tão veemente que há pouco de novo a acrescentar: uma equipa que domina quase sempre, cria várias oportunidades de golo e não consegue concretizar uma que seja — entre deméritos próprios e méritos contrários, pois claro — não ganhará o jogo mais simples e ao mesmo tempo mais complexo do Mundo. Se, ainda por cima, essa equipa tem uma distração fatal, então vai perdê-lo, a não ser que o adversário falhe rotundamente. Schick não falhou depois da oferta de Dahl e o Leverkusen colecionou a primeira vitória na Champions 2025/2026, deixando o Benfica com zero pontos em quatro jogos.
Manda a verdade dizer, vistas e revistas as imagens televisivas (aparentemente mais vezes que o videoárbitro), que fica um penálti por marcar a favor dos encarnados quando havia 0-0 e se adivinhava a qualquer momento o golo dos da casa. Tapsoba — o nosso especialista Pedro Henriques confirma-o — comete falta sobre Leandro Barreiro. Não sendo uma verdade concreta, manda a convicção de quem assistiu a esta partida com atenção dizer que a alergia do Benfica à baliza alemã foi tal que pouco nos garante a conversão da grande penalidade em golo. Mas enfim, deixemos a especulação.
Direitos aos factos, olhemos para a estatística e constatemos mais um dado óbvio: ao contrário do que sucede na maioria das outras modalidades, ela não ganha jogos. Pode até, no final, ganhar campeonatos, mas cada jogo tem a sua história e só o futebol traz esta democrática oportunidade de o menos bom ganhar frequentemente ao melhor. Porque, não restem dúvidas, o Benfica foi francamente melhor que o Bayer.
A primeira parte pode até ter dado uma sensação de equilíbrio, nomeadamente porque a posse de bola até pendia para o lado alemão e o Bayer passou de facto largos momentos no meio-campo encarnado, mas no que toca a oportunidades os donos da casa levavam larga vantagem na ida para intervalo. A pouco tempo do apito para descanso, Sudakov deu o mote para o que se esperava da segunda parte, correndo da esquerda para o meio a fintar alemães e isolando na direita Lukebakio, que não conseguiu ultrapassar o guarda-redes contrário; Aursnes ainda ofereceu segunda chance a Pavlidis, mas Badé fez corte milagroso.
Mourinho regressou a jogo com o mesmo onze, o que fazia todo o sentido porque as coisas estavam a resultar e o enguiço, dizia a lógica, haveria de ser quebrado. Só que veio uma oportunidade, veio uma segunda, chegou uma terceira... e nada. O Bayer ia fazendo pela vida, bem organizado e com o defesa-esquerdo Grimaldo a calcorrear campo inteiro procurando os desequilíbrios possíveis. E a verdade é que aos 65 minutos surgiu um, começado precisamente nos pés do espanhol ex-Benfica no flanco contrário ao habitual. Trubin defendeu uma bomba de Schick, mas uma tremenda infelicidade de Dahl fez com que o mau corte de cabeça fosse parar à cabeça do checo, e aí Trubin já nada poderia ter feito.
Mourinho mexeu. Entraram Schjelderup, Dedic e Prestianni. Veio maior velocidade, mas também atabalhoamento. A equipa sentiu em demasia a injustiça moral do golo alemão e não reencontrou frieza para prosseguir o seu jogo, estado progressivamente agravado pelas sucessivas perdas de tempo dos jogadores do Bayer e, obviamente, pelo andar do relógio. Pode dizer-se que o Benfica fez um bom jogo? Sim — porque o futebol tem uma lógica muito simples de entender mas também uma maravilhosa complexidade para compreender."

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