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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

A liderança que funciona


"Nos últimos dias recebi várias questões relacionadas com liderança. A liderança da própria pessoa, a do treinador da equipa, a que a minha chefia faz ou deveria fazer. De forma simples e concreta, a liderança que funciona é aquela que atinge os resultados definidos. Se for de forma sustentável e duradoura, melhor ainda. Se conseguir criar pilares que permitam à estrutura e às pessoas continuar a produzir e a funcionar sem a presença constante do líder, excelente. E se, além disso, ajudar a formar outros líderes, quase perfeito. Então, o que seria necessário para ser perfeita? Nada, porque essa liderança não existe.
Aponto quatro ou cinco elementos que devem ser considerados sempre que se analisa uma liderança: a pessoa (ou o líder em questão), o contexto, os liderados, e os objetivos pretendidos. Um quinto elemento poderá ser o ambiente em redor, distinto do contexto, pois este último diz mais respeito às dinâmicas internas, enquanto o ambiente se refere a fatores externos.
No desporto de alto rendimento, e provavelmente também no contexto corporativo, raramente assistimos a equipas que vencem sempre, mesmo ao longo de uma única época. As pessoas (líderes e liderados) mudam constantemente de estado de espírito, o contexto e o ambiente não são estáticos, e há sempre adversários que se preparam, interferem, estudam-nos e nos tentam superar.
Somos muito exigentes com os outros, com os líderes, os treinadores ou os atletas, sendo muitas vezes bem menos connosco próprios. A cultura da exigência e da responsabilização tende a funcionar apenas num sentido. E esse tipo de liderança está condenada a durar pouco. Sem uma cultura organizacional sólida, robusta e um propósito partilhado, nenhum líder resiste por muito tempo.
Já falei aqui sobre a importância vital dos resultados, sobre a necessidade de termos um Estiarte (como Guardiola tem) ao nosso lado, e sobre a importância de construirmos e alimentarmos uma cultura forte e coerente entre todos.
Por fim, o que não podemos permitir é aquilo a que chamo eficiência podre, quando os resultados de cada área são atingidos, ou quase, mas os resultados globais, os realmente importantes e que interessam, ficam por alcançar. Em que cada chefia fica satisfeita por ter cumprido a sua parte, mas o objetivo maior da organização é relegado para segundo plano, porque eu sou avaliado pela minha área. É o momento em que cada um olha apenas para a sua árvore, esquecendo-se da floresta."

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