Últimas indefectivações

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Benfica e Mourinho: a mudança que nada mudou


"O Benfica continua longe de jogar bem e, diante do Leverkusen, para quem gosta de separar conceitos, nem o resultado se aproveitou. O registo é humilhante. Zero pontos em quatro jogos. Penúltimo lugar

A questão não é Barreiro ser 6, 8, 10 ou 9,5 —talvez aquilo a que mais se assemelhe seja um 8 de formação de bloco baixo, que pressiona e aproveita a dimensão física para acrescentar chegada à área contrária, um pouco como acontecia no Mainz — é mais o que a decisão de colocá-lo a 10 diz da identidade da equipa que representa e das ideias do seu treinador. Aí, pouco ou nada mudou. Poderia ser Bruno Lage. Todavia, é José Mourinho. Para já, as bancadas parecem aceitar com naturalidade (talvez demasiada, mas decorrente da estabilidade interna nos resultados e do grandioso estatuto do técnico) que o Benfica possa entrar com o atual nível de ambição na Liga dos Campeões e não só.
Podiam os encarnados ter, mesmo assim, vencido? Claro que sim. Criaram boas oportunidades, uma ou outra mais flagrante, bolas nos postes, ainda que, mesmo com o domínio consentido pelos alemães, não tenham sabido desmontar na maior parte do tempo, através do ataque posicional, uma defesa alemã que desde cedo deu sinais de fragilidade. Jogou bem o Benfica? Não, claro que não, mesmo que a leitura de Mourinho, seja ou não para dar moral aos seus jogadores e mantê-los ligados ao processo, vá nesse sentido. Mais uma vez, não soube atrair, criar superioridades numéricas e virar rapidamente o centro de jogo à procura do espaço, e assim abrir a linha de 5 dos farmacêuticos. Não irá lá só com treinos, faltam jogadores, porém passam as semanas e pouca evolução se vê.
Para quem gosta de falar de intensidade, essa também não mordeu os calcanhares dos germânicos. Fisicamente ou mentalmente. Para piorar, algumas figuras como Aursnes, Lukebakio e Pavlidis estiveram bem abaixo das expetativas, apesar de Ríos querer mostrar-se e Tomás Araújo ser o que toda a gente vê: o único indiscutível na defesa. Não chegou para coletivamente se jogar bem, quanto mais para jogar bonito. Se o segundo conceito dificilmente será do léxico de Mou, o primeiro foi obrigatório durante os anos iniciais da carreira do técnico português. É a esses a que se agarram os adeptos, até mesmo o próprio.
Não discuto as contas de Mourinho, mas o Benfica tem zero pontos em quatro jogos, três da sua responsabilidade. Só o Ajax, próximo rival, está pior. E muitos orçamentos inferiores estão bem acima na tabela. Lage foi despedido depois de cumprir objetivos, com medo do desmoronamento da época. Se entendo que não era grande solução, também não vejo grandes mudanças. Só há mais desculpas."

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!