"Temos assistido, ao longo das últimas semanas, à intromissão intolerável na esfera privada de diversas pessoas com responsabilidades no Sport Lisboa e Benfica.
A revelação, selectiva e a conta-gotas, de escutas de conversas privadas cujo conteúdo não tem qualquer relevância criminal trata-se, em última instância, de um ataque ao Benfica.
Ainda não há muito tempo o Clube foi vítima de um roubo de e-mails, sofrendo consequências irreparáveis em função da inqualificável divulgação ao público, para mais de forma truncada e deturpada, de conteúdos estritamente internos e que afetaram a sua reputação.
Desta feita estamos perante uma situação em que um instrumento de investigação das autoridades competentes - as escutas - é colocado, numa clara violação do segredo de justiça, à disposição de quem não tem pejo em escancarar a privacidade de outrem.
Qual a relevância criminal do conteúdo das conversas privadas vindas a público?
A quem interessa esta devassa do universo Benfica?
A quem beneficia a fragilização, a erosão e a destruição do Sport Lisboa e Benfica?
Haverá alguma organização (ou individuo) capaz de passar incólume perante a exposição pública de conversas privadas, incluindo desabafos de ocasião, frustrações do momento ou pensamentos em voz alta?
Onde estão os limites?
O Estado de Direito exime-se de responsabilidades? Não há mesmo nenhuma autoridade disponível para colocar um travão nesta violação grave de direitos fundamentais?"
Pedro Pinto, in O Benfica
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