"Pizzi é o melhor jogador do Benfica. Junta decisões acertadas a extraordinária dinâmica
Da ameaça ao reequilíbrio
1. Depois de um bom arranque de jogo em que o SC Braga acaba - é verdade que com alguma felicidade pelo meio - por chegar à vantagem na sequência do autogolo de Ferro, pensou-se que podia fazer frente a um Benfica com a confiança em alta. O golo de Pizzi, passados cinco minutos, recolocou a partida num patamar de equilíbrio e igualdade. A questão central é que o Benfica manteve o ritmo de jogo alto e foi isso que procurou fazer ao longo de todo o desafio.
O respeito do SC Braga
2. O SC Braga respeitou o actual bom momento que o Benfica atravessa. Num longo período do jogo esteve longe da baliza do Benfica e só a partir do momento em que Ricardo Sá Pinto lançou Paulinho em campo é que se voltou a ver o SC Braga mais estendido no jogo, mais próximo da periferia da área dos encarnados e da baliza de Zlobin. Parece que o SC Braga jogou mais em função do Benfica do que o contrário, isto é, não foi tão autoritário no seu jogo e isto tem muito a ver com o que já expus no primeiro ponto desta crónica: não há dúvida de que o Benfica está, neste momento, mais forte e com índices de confiança muito elevados. Tem vários jogadores que atravessam um excelente momento de forma.
Pizzi e Gabriel marcam o ritmo
3. Do conjunto de jogadores em alta neste Benfica destaco alguns nomes: Pizzi, Gabriel e, naturalmente, Vinícius, que merecerá uma análise isolada mais à frente no remate da crónica. Falando especificamente de Pizzi, é actualmente o melhor jogador do Benfica. Junta uma extraordinária dinâmica a decisões acertadas tanto a construir jogo como a aparecer em zonas de finalização. O Gabriel, por seu turno, põe a equipa a jogar curto e largo e acaba por fazer com que este Benfica tenha a tal dinâmica que marca a diferença para os adversários. A equipa de Bruno Lage procurou jogar à mesma velocidade, nem sempre com total clarividência, mas sempre acima do SC Braga. Está numa linha de crescimento que arrasta todos os jogadores para uma identidade mais vincada que o treinador do Benfica pretende para a sua equipa.
Os estragos do 'Tanque'
4. Por fim, Carlos Vinícius. Pareceu-me um lance de autogolo aquele que resulta no 2-1 que apura o Benfica e dita a sentença do SC Braga nesta eliminatória da Taça de Portugal. Contudo, o que destaco é esta ideia: o ponta de lança brasileiro, 26 anos, continua a ser determinante. O Benfica deixou de ter a profundidade de Haris Seferovic, mas agora tem um tanque no ataque. Um tanque que toca poucas vezes na bola, mas quando o faz provoca fortes estragos nas estratégicas dos adversários. Foi o que aconteceu ontem, uma vez mais, numa matriz que nos remete para o crescimento sustentado deste Benfica enquanto colectivo coeso e unido. Depois, salta para o relvado a magia de Pizzi, os processos eficazes de Gabriel e a definição exemplar de Carlos Vinícius."
Domingos Paciência, in A Bola
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