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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Caro adepto, se quer criticar, critique com conhecimento de causa: aqui estão seis regras, novas e velhas, para rever

"Os campeonatos profissionais pararam algumas semanas.
Quando isso acontece - e quem gosta de bola, como eu, não gosta que aconteça - a tendência do adepto comum é desligar da realidade. Da realidade que, quase obcecadamente, agarramo-nos jornada após jornada, jogo após jogo.
Na Tribuna Expresso não queremos que fique fora de jogo. Eu, garantidamente, não quero.
Por isso, sugiro que voltemos a recordar algumas das premissas-base da lei. Como o saber não ocupa espaço, vamos então rever seis curiosidades das regras:
1. Sabiam que se um jogador se lesionar por força de uma falta que origine cartão amarelo ou vermelho para o adversário, ele não tem que sair do terreno para ser tratado? Basta que a assistência, em campo, não ultrapasse os 20/30 segundos.
Há um princípio de justiça aqui subjacente: impedir que quem sofra uma infracção seja obrigado a abandonar o campo, enquanto que quem a comete tenha a liberdade de manter-se no terreno de jogo. 
Faz sentido, não faz?
2. Sabiam que se dois jogadores da mesma equipa chocarem um com o outro e ambos precisarem de cuidados médicos, nenhum tem que sair para ser assistido? O princípio é o mesmo: impedir que uma equipa que não infringe fique temporariamente privada de dois dos seus elementos. Seria igualmente injusto.
Além destas excepções, fique a saber que há outras que não obrigam à saída para tratamento médico: a lesão de um guarda-redes; a colisão entre o GR e um jogador de campo (em que ambos fiquem lesionados); a ocorrência de uma lesão grave (perna partida, comoção cerebral, etc); e, a mais recente, a do executante habitual do pontapé de penálti que necessite de assistência para depois ser o próprio a executar o castigo máximo.
Por aqui, estamos esclarecidos.
3. Agora outra questão: sempre que o árbitro disser ao executante de um pontapé-livre (daqueles perto das áreas) que ele só pode rematar após o seu sinal (e aponta para o apito), o jogador será advertido se o fizer antes.
Aqui não se coloca a questão da sensatez, mas a da aplicar uma regra que é muito clara.
Da mesma forma, convém recordar que que os defesas que compõem a barreira só podem adiantar-se a partir do momento em que o adversário remate. Também aí a desobediência é punida com cartão amarelo.
E já que estamos a falar de "barreiras", duas notas adicionais:
- Os defesas podem usar as mãos/braços para cobrir o corpo e a cara, mas sem que com isso "cresçam" para retirar vantagem. Caso essa volumetria injustificada ocorra, o árbitro punirá em conformidade;
- A partir desta época, nenhum avançado pode estar a menos de 1m da barreira que seja composta por, pelo menos, três defensores. Se incumprir, o pontapé livre - depois de executado - será convertido em falta atacante (livre indirecto).
4. Outro reminder importante: a chamada "paradinha" (nos pontapés de penálti) só é ilegal quando o executante simular o remate à baliza depois de terminar a sua corrida, estando junto à bola.
Se apenas desacelerar/parar a corrida e retoma-la depois ou se nunca simular rematar, considera-se não haver qualquer irregularidade.
Do mesmo modo e a partir desta época, os GR podem ter apenas um pé (ou parte dele) sobre a sua linha de baliza, estando o outro dentro do terreno, se assim entenderem.
Num e noutro caso, o VAR pode intervir em caso de clara e evidente infracção.
5. Mudemos de assunto. Na celebração de golos - momentos de maior adrenalina e menor lucidez -, um jogador que deixe momentaneamente o terreno de jogo não é, só por si, advertido.
No entanto, o cartão amarelo será obrigatório se ele despir a camisola ou cubrir a cabeça com ela; se trepar a vedação para comemorar junto dos adeptos ou se aproximar-se excessivamente deles, causando problemas de segurança; se fizer gestos ou actuar de maneira provocatória; se cubrir a cabeça ou a cara com uma máscara ou artigo semelhante.
Nota importante: mesmo que um golo venha a ser anulado (por exemplo, após intervenção do VAR), os cartões amarelos exibidos por condutas antidesportivas dos jogadores mantêm-se.
6 - A última dica de hoje é relativa ao fora de jogo (Lei 11):
Ideia-chave: por regra, se um jogador está em posição de fora de jogo e joga/toca na bola, é punido (esta é a mais fácil).
Agora outra variável: se está em posição de fora de jogo mas não toca nem joga a bola, só é punido se Interferir Na Acção do adversário.
Há várias formas de "interferir": tentar disputar a bola com ele, impedi-lo de o fazer, distrai-lo, tomar uma acção óbvio que o perturbe, tapar o seu ângulo de visão, obstrui-lo, etc.
No fundo, um jogador será punido por interferir com o opositor sempre que praticar uma acção clara e óbvia que o prejudique, que o iniba ou afecte. Que o impeça de fazer o seu trabalho livremente.
A leitura destes momentos, em campo, nem sempre é clara. Aliás, muitas vezes é terrível, porque avaliar interferências sobre outro é algo demasiado subjectivo.
Mas conhecendo o princípio teórico, fica mais fácil, certo?

Notas finais:
A - Um jogador em fora de jogo pode jogar a bola sem ser punido se ela vier deliberadamente de um adversário ou directamente de um pontapé de baliza, pontapé de canto ou lançamento lateral. Esta convém nunca esquecer;
B - Se um jogador em fora de jogo sofrer uma falta Antes de tomar parte activa no jogo (ou seja, antes de tocar na bola ou de interferir com o adversário), essa falta tem que ser punida.
Exemplo: se ele estiver na área adversária e for carregado pelo defesa antes de intervir no jogo/adversário, o pontapé de penálti deve ser assinalado;
- Por outro lado, se o avançado em posição de fora de jogo for carregado Após tomar parte activa no jogo (ou seja, depois de tocar na bola ou de interferir com os defesas), deve assinalar-se o fora de jogo, porque foi a primeira infracção a materializar-se. 
É mais fácil assim do que lá dentro, não é?
Em breve voltarei com outras dicas técnicas. São tantas..."

1 comentário:

  1. 1. "...não ultrapasse os 20/30 segundos..." ... yeah, right!
    5. "...despir a camisola..." ainda estou à espera de uma justificação da FIFA para essa regra que não seja para rir. Toda a gente sabe que essa "regra" foi imposta pelos patrocinadores.
    6. No limite, ou o jogador se mantém imóvel até voltar a estar em jogo ou então deve ser assinalado o fora de jogo.
    A. Gostava que me explicassem como poderia hipoteticamente um jogador estar em fora de jogo quando a bola viesse diretamente de um pontapé de canto.
    B. Lá está! Então se o jogador A está em fora de jogo mas se no seu movimento se colocar à frente de um defensor B que vai a recuperar a posição e focado na bola (e não na posição do jogador A que está em fora de jogo) e for de encontro ao jogador A, o que deve ser assinalado? Falta do defensor que abalroou o jogador A ou fora de jogo do jogador A porque se mexeu quando estava em posição de fora de jogo?

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