"O antijogo é um flagelo do futebol que urge erradicar. Porém, a questão está em saber qual será a fórmula mais eficaz e duradoura para evitar que as equipas com menos meios procurem limitar a desvantagem com que partem, através do uso de autocarros estacionados em frente à baliza, perdas de tempo sucessivas, jogo faltoso sistemático e relvados propositadamente em más condições para prejudicar quem joga com a bola à flor da relva.
Mas, será legítimo pedir a um treinador, que defronta um adversário com um orçamento quinze vezes superior ao da sua equipa, que encare o jogo olhos nos olhos? Não é preciso ser um grande estratega militar para saber que há guerras que, pela disparidade das forças em presença, só podem ser ganhas em acções de guerrilha e isso, mutatis mutandis, é o que acontece em muitos jogos da nossa Liga. Portanto, parece inconsequente diabolizar quem está a tentar fazer muito com pouco. A solução, a única solução, aliás, passa por encontrar meios para uma melhor distribuição da riqueza, limitando o fosso que está cavado entre os ricos e os pobres. E, aqui chegados, regressa à baila a questão da centralização dos direitos televisivos, matéria que coloca do mesmo lado da barricada FPF e Liga, e que é absolutamente fulcral para a subida qualitativa do nosso campeonato.
E, a propósito, devemos indexar à escassa intensidade da competitividade interna o facto das melhores equipas portuguesas estarem a sentir grandes dificuldades perante adversários de gama média e baixa no contexto da UEFA. Uma situação que tenderá a agudizar-se..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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