"Fala-se muito em defender alto, fazer pressão alta, jogar em bloco alto, recuperar a bola longe da nossa baliza, o que dito desta forma parece algo fácil, diria que basta subir as linhas. Mas a realidade não é assim tão linear. Por que não dá o treinador indicações nesse sentido?, pergunta o adepto, que naturalmente que ver a sua equipa perto da baliza adversária. Quando uma equipa não tem a bola todos os treinadores pretendem que o espaço da equipa adversária seja limitado; quanto mais reduzido esse espaço, maiores as possibilidades de recuperar a bola. Se assim é, observa o adepto, sobre-se a equipa e o problema está resolvido. Acontece que essa decisão também implica o necessário controlo da profundidade defensiva, sabendo o que significa a linha de meio-campo para a regra que transmite inteligência ao futebol, o fora-de-jogo.
Abordando apenas questões de profundidade, defensiva ou ofensiva, consegue-se entender melhor por que motivo na maior parte das vezes as equipas não têm capacidade, nem condições, para recuperar a bola no terço ofensivo ou mesmo no meio campo ofensivo. As excepções, são as grandes equipas, que conseguem fazê-lo graças a linhas recuadas rápidas e a jogadores de nível superior. Mas não é para todos. Aquele rectângulo de 105m x 68m começa a ser cada vez maior com o cronómetro a correr. Não é interessante para o jogo ver uma equipa a defender constantemente em bloco baixo, tentando apenas, no plano ofensivo, explorar a profundidade. o adversário tem que circular rápido a bola para arranjar soluções, até atingir o objectivo. E aqui entram muitas vezes as situações feias do jogo. Uns querem que o cronómetro ande rápido, outros vão vendo o tempo a passar sem poderem pará-lo. Aqui está um tema interessante, o controlo do tempo de jogo. Defender e atacar a profundidade é importante, mas entendo que controlar o tempo de jogo ainda o é mais."
José Couceiro, in A Bola
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