"Perante a incrível realidade que se depara pelo brutal número de mudanças de treinadores na primeira Liga, há quem tente amenizar o escândalo dizendo que se trata, afinal, de uma época atípica.
Pelo contrário, nada se apresenta como mais típico. No total, cerca de três dúzias de treinadores já dirigiram as dezoito equipas da primeira Liga, sendo que em cinco clubes - Benfica, Porto, Sporting, Vitória Guimarães e Vitória de Setúbal - não houve qualquer alteração.
Há casos - e não poucos - em que a dança das cadeiras aproveitou treinadores sobejantes de outros clubes. Há casos de treinadores dispensados, depois de terem sido contratados como se se tratasse de um jogador de futebol (SC Braga) e há casos de treinadores que não se salvaram, nem mesmo depois de terem conseguido os seus objectivos.
O caso do Belenenses será um dos mais espantosos. Quim Machado foi chamado em missão salvadora do clube do Restelo e parecia ter tido êxito ao colocar o Belenenses com 32 pontos, muito longe ainda do final da época. Porém, uma inquietante sucessão de derrotas levou a administração da SAD do Belenenses a trocar Quim Machado por Domingos Paciência. Agora, o novo treinador azul vai na sua segunda derrota consecutiva e, de repente, o Belenenses dá-se conta de que nem sequer está está livre ainda de descer de divisão. Há, de facto, uma onda de irresponsabilidade de gestão que parece ter tido um contágio alarmante na principal Liga de futebol em Portugal. Em muitos casos, as mudanças são inexplicáveis e comprometem bastante quem as determinou."
Vítor Serpa, in A Bola
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