"O treinador pode ser hoje uma peça da máquina e não o centro das atenções. Não precisa, é de elementar justiça sublinhar que os encarnados têm sido mais consistentes.
Nas últimas semanas a discussão sobre o futebol em Portugal tem estado centrada na velha questão dos árbitros e das arbitragens. FC Porto e Sporting, em perda no campeonato e já fora de outras competições, queixam-se da mão pouco invisível que embala o Benfica. Não vale a pena dizer que não têm razões, mas será um exagero dizer que têm razão e que os árbitros levaram o Benfica ao ponto onde está nas diferentes provas - e para já o clube tem todas as frentes nacionais e a frente europeia em aberto.
Mais: é o favorito na Liga, é o favorito na Taça da Liga, tem um sorteio favorável na Taça de Portugal e, na Liga dos Campeões, correndo por fora, até pode chegar longe.
Há muito mérito da organização - a agora famosa estrutura - nestes resultados. Até por contra-ponto com os rivais, onde impera alguma desorientação. Porto e Sporting são clubes sobre brasas, envolvidos em polémicas internas e externas. O Benfica vive uma paz responsável, longe da confusão, focado nos objectivos, com prioridade para o negócio e para o crescimento do clube e da SAD. Parecendo que essa paz nada tem a ver com o futebol, não é verdade. Os jogadores, mesmo sendo estrangeiros muito deles, não são imunes ao clima de guerrilha, às notícias de jornais, aos restaurantes vandalizados, aos Ferraris que não podem ser vermelhos. Tudo conta.
Há também o futebol propriamente dito. Durante uma parte da época discutiu-se quem, de Sporting e FC Porto, jogaria melhor. O Benfica não entrava nessa equação. Reconhecia-se à equipa organização, pragmatismo e uma forma até cínica de encarar os jogos. Para usar um termo dos tempos modernos, o Benfica era (e é) uma equipa resultadista.
Estando nós na segunda metade da época, e estando tudo em aberto nas duas competições internas mais importantes - Liga e Taça -, é de elementar justiça sublinhar: que o Benfica tem sido mais consistente. Que fez, como na época passada, das fraquezas forças, que tem ultrapassado com distinção a onda de lesões que atingiu grande parte do plantel, que encontrou soluções onde se viam problemas com impacto.
E que fez tudo isso com grande serenidade e sob a direcção firme, sem nunca perder o rumo, sem alterar o discurso de Rui Vitória. O treinador pode ser hoje uma peça da máquina e não o centro das atenções. Não precisa. os que questionavam não as suas qualidades, mas o seu estilo de liderança (fui um deles), devem reconhecer que Vitória, mesmo num contexto excepcionalmente favorável, está a fazer um bom trabalho. Por este caminho, no fim, terá razões para sorrir.
(...)"
Nuno Santos, in Record
PS: Quando um colunista, que conscientemente deixou a sua assinatura na Comissão de Honra, da recandidatura de Bruno de Carvalho, escreve esta opinião destas... algo não bate certo!!!!
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