"A Taça da Liga é, desportivamente falando, uma cortesã. Quase ninguém afirma querê-la e alguns até dizem desprezá-la (na aparência) para, em seguida, dela abusarem. Um marialvismo à portuguesa, misturado com um indisfarçável despeito, porque a taça vai quase sempre para um temível concorrente do lupanar.
Este ano, dela se voltaram a servir, não tanto por causa da coitada - ainda tão jovem e já com tantas alcunhas - mas a olhar para o palácio maior: a Liga, ela própria, a matrona. Quer dizer, apontando vícios mefistofélicos à tacinha concubina, com o intuito de assim produzir mal-estar, desconfiança e ciúme na casa grande, ou seja, na prova maior.
Nestes últimos dias, vimos e ouvimos tudo o que de mau se abateu sobre a pobre amásia. Os 'fiscais' são agora vilmente acusados, sem dó nem piedade, se serem teleguiados por uma águia-imperial e de, assim, protegerem, despudoradamente, uma hedionda aliança entre a cortesã e a carnívora águia.
O dragão reptiliano que, num sorteio amaldiçoado, havia calhado no 'grupo da morte', caiu à mão de fidelíssimos e puritanos cónegos, ficando no último lugar da fila. Nem os desenhos no recato da alcova acalmaram a tacinha, essa fera amancebada, que não amansada.
O felino leão - pouco dado a cálculos de idades - e que, há tempos, começou por enaltecer o comportamento social de lambedura típico das leoas, é agora um incontinente crítico da menina tacinha que até fazia parte dos seus projectos. Para o feroz animal, ela voltou a ser andrajosa, palavra que, porém, nada tem a ver com André. Tudo por causa de um penálti marcado ao minuto 70. Perdão, ao minuto 92."
Bagão Félix, in A Bola
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