"As más notícias estão de volta...
No passado fim de semana, foi pintada de negro mais uma página do futebol distrital, em Portugal. Desta vez, a mancha veio do Estádio Municipal Dr. Costa Lima (na Maia), onde se disputou o SC Salgueiros/CF Oliveira Douro, da 8ª Jornada da Divisão de Elite da AF Porto.
A partida terminou com insultos, ameaças e agressões (à equipa de arbitragem e a alguns agentes das forças de segurança).
Vamos então à sequência cronológica dos acontecimentos:
1. Após contestar, de forma ofensiva e insultuosa, uma decisão do árbitro (por este entender não ter havido infracção num lance que resultou na lesão temporária de um atleta da casa), o fisioterapeuta do SC Salgueiros recebeu ordem de expulsão.
2. Insatisfeito com a decisão, acabou por dirigir-se ao árbitro da partida e, já dentro do terreno de jogo, colocou as duas mãos no seu peito, empurrando-o de forma ostensiva. A atitude foi testemunhada por todas as pessoas que estavam presentes no estádio.
3. Apesar do contacto físico ter sido evidente, o juiz do encontro entendeu que o gesto, em si, não configurava uma verdadeira "agressão física". Como tal e depois de auscultar um colega e falar com um agente policial, achou que tinha condições para prosseguir a partida. E assim fez.
4. Desde aí e até perto do apito final, tudo decorreu dentro da normalidade.
5. Quase no final do período de descontos, a equipa de Oliveira do Douro marcou o único golo do encontro, na sequência de uma jogada que motivou fortes protestos: alegaram os da casa que, no início do lance, o guarda-redes adversário tocara a bola com as mãos fora da sua área de penálti.
6. Na sequência de muita exaltação, um atleta da equipa visitada foi expulso, após exceder-se na linguagem.
7. Mal terminou o jogo (0-1), instalou-se a confusão, com a equipa de arbitragem a seguir em direcção ao túnel de acesso aos balneários. Segundo testemunhos, o referido fisioterapeuta terá dito que aquele seria o local ideal para o "acerto de contas".
8. O que supostamente aconteceu ali foi de enorme gravidade para o futebol e para o desporto português.
Então vejamos, com os devidos 'alegadamentes':
- Já na zona de acesso aos balneários, o árbitro da partida foi agredido, (alegadamente pelo massagista que antes fora expulso), com dois socos na cabeça. Ficou com uma ferida aberta e ensaguentada, visível para todos.
- Cada um dos dois árbitros assistentes - ambos muito jovens - foram também agredidos (pontapeados nas pernas), resultando daí as respetivas mazelas físicas (as marcas continuam lá e estão à vista de toda a gente).
- Dois dos oito guardas da GNR presentes no local foram, entretanto, agredidos por alguns adeptos exaltados.
- No final, os cinco (os três árbitros e os dois guardas) dirigiram-se ao Hospital de São João, no Porto, para serem examinados e tratados. As perícias posteriores, no Instituto de Medicina Legal - entretanto realizadas -, comprovarão o que tiver que ser comprovado.
9. Foi depois apresentada queixa-crime contra aqueles que (alegadamente) foram identificados como os autores das agressões: além do dito fisioterapeuta, também um treinador e um delegado ao jogo, ambos do SC Salgueiros.
Agora vamos a factos. Ao que verdadeiramente importa, no meio de uma história em que, como sempre, cada um terá "a sua verdade" para contar e defender:
Facto 1 - Enorme respeito pelas duas instituições - SC Salgueiros e CF Oliveira do Douro - bem como por todos aqueles (agentes desportivos e adeptos) que se demarcaram/não se revêem neste tipo de condutas ou comportamentos.
Facto 2 - É importante não confundir a parte com o todo, tal como o é não esquecer que a presunção de inocência vale até prova em contrário.
Facto 3 - Dito isto, é absolutamente real e verdadeiramente indesmentível que, após aquele jogo, cinco intervenientes ali em serviço foram agredidos. Todos receberam tratamento hospitalar.
Facto 4 - Neste caso, é justo sublinhar que não há nada a apontar à entidade que organiza a competição (AF Porto), uma vez que a partida tinha, como era suposto ter, policiamento assegurado desde o seu início.
Facto 5 - O árbitro, seguramente bem intencionado, cometeu um erro grave: não terminou a partida no momento em que foi empurrado por aquele que foi, aos olhos de todos, o instigador do que aconteceu: o fisioterapeuta do SC Salgueiros.
Quicá surpreendido por aquela atitude inesperada, o juiz não considerou - como devia - que o gesto irresponsável daquele técnico poderia contribuir para inflamar o ambiente e ser, como foi, o rastilho para algo potencialmente mais grave.
Facto 6 - Nenhum erro de árbitros, jogadores, treinadores ou dirigentes, justifica o crime que é alguém agredir alguém.
Nenhum penálti mal assinalado, nenhum golo falhado, nenhuma substituição mal efectuada e nenhum ordenado em atraso legitimam a agressão física.
Bater não faz parte do espectáculo. É apenas a evidência do descontrolo total, da menoridade intelectual, o lado mais medonho e execrável do ser humano.
O argumento provinciano (e muito feio) de que "eles põem-se a jeito" é quase tão mau como o que sustenta que a violação de uma mulher é desculpável porque ela usa mini-saia.
Facto 7 - Apesar do esforço financeiro louvável de algumas associações de futebol/clubes (no que diz respeito à melhoria das condições segurança nos recintos desportivos), há um problema de base que só a prevenção maciça, a persistência e o tempo ajudarão a superar: a falta de educação, civismo e cultura das pessoas. De muitas pessoas.
Facto 8 - Neste caso concreto, a justiça desportiva, tal como a civil, farão (já estão a fazer) o seu trabalho. O que se espera e deseja é que este seja célere e transparente, que ilibe e limpe o bom nome de quem nada fez... e que seja absolutamente implacável e exemplarmente punitiva para quem for considerado culpado.
O plenário da Assembleia da República deverá aprovar, em breve, um diploma que promete revolucionar o combate à violência no desporto.
Até lá, fica a promessa: cada vídeo, cada imagem, cada relato fidedigno de actos violentos no desporto (no futebol em particular) serão expostos e denunciados publicamente, de todas as formas possíveis, com todos os meios disponíveis.
O que não se aprende com a prevenção, aprende-se com a humilhação.
Quem vai a um recinto desportivo e, mais importante, quem é um seu actor directo, tem o dever e a responsabilidade ética, moral e social de se comportar como um ser humano.
Sem desculpas. Sem atenuantes. Sem ses nem mas.
Um dia isto tem que acabar. Um dia vai acabar."
Poderá eventualmente estranhar quem não souber que este duarte gomes é cão com dono, o facto do autor ter o "cuidado" (não vão as suas pernas ser também pontapeadas) de assegurar que nada pode ser apontado à af do porto (do porko!?).
ResponderEliminarSeria no entanto prudente não estar a inocentar a organizadora das provas, onde o conhecido canelas tem abusado da instigação e pratica da violência contra os árbitros. Impunemente como é do domínio público. Poder-se-á relacionar esta impunidade com factos ocorridos? Opine quem souber.
CARREGA BENFICA TRINTA E SETE!
Este rafeiro da arbitragem não é nais que a voz do dono.... tenta passar sempre pelos pingos da chuva...
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