"Jogos assim ajudam a perceber quanto é preciso trabalhar para chegar onde os outros já estão
Modelos
1. Na actualidade todas as equipas se baseiam em formas ou modelos de jogo em constante (re)estruturação ao longo da época competitiva. Sendo dependentes da qualidade técnica/táctica dos jogadores, dos treinadores e da estrutura dos clubes. Estes modelos expressam-se para a sua intrínseca organização dinâmica, mas também pela capacidade de se adaptarem continuamente a factores contingenciais que se desenvolvem durante a luta competitiva.
Duas vertentes
2. Questiona-se as razões pelas quais certas equipas atingem a vitória perante adversários que teoricamente têm maiores condições para o conseguir? Ora, a resposta a esta questão baseia-se em duas vertentes essenciais. A primeira de conhecimento dos sincronismos sectoriais e intersectoriais do modelo de jogo adversário, a correcta elaboração de uma dimensão estratégico/táctica treinada e operacionalizada para essa competição e a aplicação de elevados níveis de ritmo, bem como a sua variação no que se refere às fases (ataque e defesa), etapas (construção, criação, reacção à perda da bola, bloco defensivo, etc.), e momentos de jogo (esquemas tácticos e transições de fase). A segunda é não controlável, ou seja, a natureza do próprio jogo composta pela sua aleatoriedade, imprevisibilidade e transitoriedade.
O resultado
3. O resultado final é o produto destas vertentes em que a cada milionésimo de segundo as coisas acontecem, as equipas estabelecem ordem/desordem, equilíbrios/desequilíbrios, sempre sujeitas a condições controláveis e não controláveis.
Os 2 por cento
4. Analise-se então o Benfica - Bayern à luz destes pressupostos, partindo do favoritismo de 49% para o Benfica e 51% para o Bayern. Então como se pode ganhar os tais 2% que faltam? Nas variáveis controláveis e tudo fazer para que as não controláveis possam concorrer a favor do Benfica. Vejamos 4 factores.
(1) Ritmo competitivo e capacidade de marcar esse ritmo, acelerando e desacelerando na fase ofensiva e defensiva.
(2) Dinâmica organizativa sintetizando articulações tácticas e soluções práticas eficazes usando o jogo interior e exterior.
(3) Agredir constantemente o adversário, não o deixando executar nem sequer pensar, ganhando constantemente segundas bolas.
(4) Manter padrões e rotinas de jogo em qualquer circunstância favorável ou adversa, aproveitando todos os pormenores a seu proveito. Mas também deter jogadores verdadeiros mestres da síntese que simplificam o que é complexo em cada situação de jogo.
Diferenças
5. Por mais voltas que se queiram dar, as diferenças entre estas duas equipas residem não só no resultado final nem nos dados quantitativos expostos no final da partida, mas exactamente nos referidos factores. Estes são os pressupostos que as equipas portuguesas têm de aprender a passar à prática, de modo a aproximar-se das grandes equipas. Caso contrário, continuaremos a divergir da Europa. A vantagem da análise destes jogos é verificar-se quanto se precisa de trabalhar para chegar ao patamar em que outros já se encontram (há muito tempo)."
Jorge Castelo, in A Bola
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