"Porque é que as equipas portuguesas não só não conseguem aproximar-se dos melhores conjuntos do futebol europeu, como estão cada vez mais distantes?
Porque a nossa Liga é pouco competitiva e tem quase nula visibilidade externa; ninguém leva a sério a indústria do futebol, destruindo-lhe a credibilidade; por isso a receitas televisivas são paupérrimas e a sponsorização é baixa; e a necessidade de venda dos melhores elementos impede o crescimento das equipas.
Anteontem, na Luz, o Bayern de Munique apresentou-se com os seguintes jogadores (entre parêntesis o número de épocas do clube): Neuer (7), Kimmich (3), Boateng (7), Hummels (3), Alaba (8), Javi Martinez (6), Renato Sanches (2), Robben (9), Lewandowski (5), Ribéry (11). Se, desde que Ribéry foi para Munique, o Benfica não tivesse tido necessidade de vender os seus melhores jogadores (privilégio de que o Bayern gozou...), poderia apresentar uma equipa, além da que Rui Vitória escalou, assim: Oblak, João Cancelo, David Luiz, Lindelof, Fábio Coentrão; Matic, Renato Sanches; Bernardo Silva, Gonçalo Guedes, Rodrigo, Gaitán. Ou outra ainda com Ederson, Ramires, Garay, Lisandro, Nélson Semedo; Javi Garcia, Witsel, Enzo Pérez, André Gomes, Mitroglou, Di Maria.
Faz mal, então, o Benfica, ao vender todos estes jogadores? Não tinha alternativa. E é essa a diferença para os maiores da Europa. Enquanto estes têm meios para ver apenas os jogadores na sua mais-valia desportiva, os nossos olham para os cifrões que podem vir a valer. E assim não se juntam qualidade+tempo, fórmula para a construção das grandes equipas."
José Manuel Delgado, in A Bola
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