"O presidente do Olhanense tem um amigo que todos nós gostaríamos de ter. O homem não é de Olhão - a acreditar nas palavras de quem sabe do que está a falar - mas deixou-se sensibilizar pelo drama dos jogadores do Olhanense, que já iam em três meses de ordenados em atraso. Vai daí, esqueceu-se do tempo de crise em que vivem os portugueses e emprestou, do seu bolso ou do seu banco, 288 mil euros sem garantias, o que, na pior das hipóteses, pode querer dizer a fundo perdido.
Isidoro Sousa, o presidente do clube, ficou naturalmente sensibilizado com o gesto, tanto mais que nem sequer ficou assente que esse dinheiro serviria de primeira prestação do benemérito para uma entrada no capital da SAD. «Logo se verá, depois» - diz Isidoro, com uma serenidade surpreendente.
O que interessa é que o dinheiro apareceu, os cheques foram passados e os jogadores levantaram a greve anunciada.
Não me parece que a coisa seja, de facto, assim tão simples.
Tanto pode ter sido apenas um gesto de generosa loucura de alguém sem amor ao dinheiro, como pode ter sido um gesto com fins inconfessáveis, admitindo eu que, num e noutro casos, poderá haver justificação para o anonimato.
Pode o presidente do Olhanense considerar que ninguém tem a ver com o assunto e que essa questão de saber quem emprestou o dinheiro e porquê será, apenas, um pormenor.
Não é verdade. Ninguém empresta 228 mil euros a um amigo para pagar ordenados de uma equipa de futebol sem ter interesses.
Não quer dizer que sejam interesses obscuros, mas é importante que a Liga perceba os contornos desta pouco luminosa operação e que se travem, assim, as especulações que, inevitavelmente, foram surgindo."
Vítor Serpa, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!