"Os jogadores do Olhanense foram os heróis da semana. Revoltaram-se contra quatro meses de salários em atraso e, ao mesmo tempo que activaram um pré-aviso de greve, a concretizar no jogo com o Benfica, foram a Aveiro, fizeram das fraquezas forças, e arrancaram, provavelmente, os mais saborosos três pontos das suas carreiras. Deram uma lição de dignidade profissional que deverá ficar registada a letras de ouro na história das relações laborais no contexto do futebol português e depois aguardaram pelo desenvolvimento da situação. O Olhanense deveria pagar pelo menos um dos quatro meses em atraso para que a greve não se tornasse efectiva. E assim aconteceu. Os profissionais do emblema de Olhão venceram a luta.
Posto isto, tirados do filme os jogadores rubro-negros, foquemo-nos na Direcção do Olhanense que, até agora, fez quase tudo bem, ou seja, encontrou, de forma expedita, meios para resolver a parte mais escaldante do problema que tinha nas mãos. Porém, ao não divulgar quem avançou com a avultadíssima verba que lhe permitiu pagar aos futebolistas, colocou-se numa posição insustentável face à opinião pública e não só. A transparência exige que se saiba os contornos do empréstimo até agora imputado a «um amigo». O anonimato, neste caso (e sem entrar em implicações legais de outra ordem...) não pode vingar, sob pena de grassar uma especulação intolerável, devastadora. Para defesa do Olhanense, nomeadamente do seu presidente que tem dado a cara neste processo, o dinheiro não pode ter caído do céu, até porque nestes tempos difíceis, de lá só jorra água. E como não caiu do céu e porque certamente se trata de uma operação feita com base na boa-fé, não há nenhuma razão para que permaneça secreta. Ou então..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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