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segunda-feira, 6 de junho de 2022

Cadomblé do Vata


"No quarto de círculo o tremelicante esférico soçobrava aos efeitos do frio invernal da capital e ao troar violento das gargantas do Terceiro Anel. Avesso a sentimentalismos, Hans-Jurgen Stefan Schwarz aplica-lhe um chapadão na face com a canhota raçuda, atirando a redondinha pela estratosfera da Luz, na direção da cabeça de José Carlos Nepomuceno Mozer, que impacientemente a aguardava na grande área adversária. Com espírito maldoso e por que não dizê-lo, abrutalhado, Paulo Rebelo Costinha sai da linha de baliza e agride impunemente a bola a soco, fazendo-a sobrevoar os céus portugueses na direção da cabeça da área, onde sempre expedito e ressacado, Vassili Sergeyevitch Kulkov se transfigura num André Agassi rechonchudo corta o objeto voador perfeitamente identificado com um amorti de cabeça, conduzindo-o milimetricamente para o peito taurino de Isaías Marques Soares. Controlando majestosamente a prenda enviada pelo russo entre os mamilos, o cabofriense deixa-a a pairar em frente aos olhos. Numa nesga de espaço de visão vislumbra Stanislaus Henrikus Christina Valckx em corrida na sua direção. Num movimento de rompante, manobra o canhão destro da direita para a esquerda, aplicando uma chicuelina no pobre ainda-holandês que só pára agarrado às tábuas de publicidade, afaga a amada com um cafuné na coxa e dispara imparável rente à base do poste direito, onde Paulo Rebelo Costinha chega tarde por se ter demorado a desentrelaçar o nó nas pernas que Sergei Nicolaevich Yuran havia tecido no golo do empate. O derby era o “dos traidores” mas com mais um golo decisivo, o Profeta fez questão de demonstrar, se porventura duvidas houvesse, que o Herói da Catedral continuava a vestir de vermelho e branco."

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