"É triste constatar que a arbitragem portuguesa não resiste à mais ligeira pressão. Alguém grita um pouco mais alto, e os árbitros cedem, entrando num pretenso jogo de compensações que só retira credibilidade aos próprios e prejudica o futebol.
Em Famalicão, o Sporting sentiu-se prejudicado. Não conseguiu encaixar animicamente a anulação de um golo no último minuto, e reagiu com gritaria a todos os níveis - jogadores, treinador, presidente e adeptos.
Na jornada que se seguiu, frente ao Farense, logo se arranjou um penálti-fantasma para calar a contestatários. É assim o futebol português, onde a mensagem que se passa é a seguinte: se alguém se sentir lesado, ou até pretender ser beneficiado nos jogos seguintes, grite, grite bem alto, que será ouvido.
O lance em causa não deixa dúvidas. Não existe qualquer penálti. Nem vejo como seria possível ao guarda-redes algarvio afastar a bola de outro modo. André Narciso, em campo, e Bruno Esteves, na Cidade do Futebol, entenderam por bem oferecer um presente de Natal ao clube de Alvalade - que, sem ele, já não seria líder isolado do campeonato.
Não peço aqui que o Sporting venha agora a ser prejudicado para compensar isto. Peço, sim, que os árbitros sejam imunes a todas as pressões, e apitem com rigor e critério, independentemente do que se passou ontem, anteontem ou na semana passada. Para ser árbitro de primeiro escalão não basta saber as regras. É igualmente preciso ter a força mental que se exige aos restantes intervenientes de um espectáculo tão mediatizado como o futebol. Se querem respeito, dêem-se a ele."
Luís Fialho, in O Benfica
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