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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

De Tóquio a Braga

"Como ocorreu com Jorge Fonseca, há momentos intensos e que mostram que «quanto melhor se enche a vida, menos se tem medo de perdê-la»

1. A vida vivida é uma dádiva. O meu bom e querido Amigo Joaquim Barbosa - médico reconhecido, cirurgião reputado e Amigo do coração - ensina-nos, com a consequência de ter salvo muitas vidas e de ter melhorado substancialmente a qualidade de vida de muitas outras que a vida vivida deve ser sentida e reconhecida, abraçada e entrelaçada, partilhada e saudada. Recordei estas palavras ao ver o campeão do Mundo de Judo Jorge Fonseca a comemorar, dançando, o seu título em Tóquio. E vendo a filha de um grande Mestre de Judo, Kobayashi - a Senhora Sashiko - a aplaudir, com uma alegria bem expressiva, aquele momento marcante para o judo português. E sejamos justos para o seu clube, o Sporting! Jorge Fonseca é um dos exemplos que a vida vivida vale a pena. Ultrapassou um sério problema de saúde, é também sentindo as forças do sorriso de seu filho e a tenacidade do seu treinador, olhou para cada combate com mais força, com mais energia, com mais competência, com toda a excelência. E, afinal e no final, ali em Tóquio - a um ano de mais uma edição dos Jogos Olímpicos de Verão - cantou, com uma força interior que se expressava em toda a face, o hino de Portugal e levou-nos a recordar outros momentos do nosso Judo em que foram relevantes protagonistas Nuno Delgado, Telma Monteiro e, mais atrás, Filipa Cavalleri. Por mim não esqueço que a partir de Sintra e do Mestre Bastos Nunes, uma das referências do nosso Judo, o Judo entrou no meu coração e que nele e no seu ippon há mesmo uma radical fraternidade. Que é, de verdade, a base de um(a) verdadeiro(a) desportivismo. Parabéns Jorge Fonseca! Bem haja por este sentimento que a vida merece ser vivida! Da Damaia a Tóquio. E, agora, de Tóquio a Tóquio!

2. Os oitenta clubes - 32+48 - que vão participar na fase de grupos respectivamente da Liga dos Campeões e da Liga Europa já sabem os dias e as horas dos seus jogos que vão de meados de Setembro a meados de Dezembro. E com a UEFA, e muito bem, a estabelecer limites máximos para preços de bilhares para adeptos de clubes visitantes que se situam nos setenta (70) euros para a Liga dos Campeões e quarenta e cinco (45) para a Liga Europa. Estou certo que este exemplo marcante será, de imediato, replicado na Liga portuguesa, suscitando, até, uma reunião extraordinária da Direcção da Liga de modo a que preços exorbitantes - como alguns de hoje em Braga! - não se repitam. Os sorteios das passadas quinta e sexta feiras permitem-nos salientar três pontos. As sete principais ligas do ranking da UEFA - e Portugal está em sétimo lugar logo a seguir à Rússia e depois das cinco grandes (Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália e França) - têm quarenta e uma (41) equipas nas duas competições, ou seja, mais de 50%! E no que concerne a equipas possíveis vs equipas apuradas após as pré-eliminatórias só a Espanha (7), a Inglaterra (7), a Alemanha (7) e Portugal (5) fazem, nesta época, o pleno. O que é um feito notável do futebol português e que alimenta fundadas e legítimas esperanças de ultrapassarmos em Maio de 2020 a Rússia e chegarmos ao sexto lugar de um ranking que determina o número de clubes com acesso directo à Liga dos Campeões e à Liga Europa. O segundo ponto tem de ver, como aliás a UEFA crescentemente percebe em razão da mobilidade europeia, com a importância do turismo desportivo. Na verdade as cidades de Lisboa, Porto, Braga e Guimarães vão receber entre Setembro e Dezembro milhares de alemães e holandeses, escoceses e suíços, franceses e ingleses, belgas, eslovacos e russos. O turismo desportivo é uma realidade crescente e já é relevante em termos de economia de muitas cidades da Europa, como, aliás, se vai perceber bem com a realização do singular Europeu de 2020. E esse turismo deve merecer uma atenção crescente por parte dos responsáveis da Economia e do Turismo, mesmo que alguns não queiram entender a importância do futebol profissional para o PIB de certos países. O terceiro ponto é conexo com o último. As receitas directas da Liga dos Campeões vão ser bem interessantes para o Benfica. Acredito que superarão os 65 milhões de euros, numa previsão bem cautelosa. E acredito que arrecadará alguns milhões com os resultados nas primeiras três jornadas da fase de grupos da Liga dos Campeões. Dois jogos em casa e um fora, este frente ao Zenit, permitem sonhar com um arranque promissor rumo aos desejados oitavos de final desta milionária competição. E combinando a ambicionada afirmação europeia com a necessária confirmação interna. Já que só o campeão regressa, de pleno direito, à próxima edição da Liga dos Campeões.

3. Hoje em Braga o Benfica vai ultrapassar, assim o creio, uma equipa bem liderada por Sá Pinto e que com o moral em alta após a merecida vitória em Moscovo e a consequente entrada para a fase de grupos da Liga Europa. O Benfica, após a derrota justa frente ao Futebol Clube do Porto, sabe, na linha do sempre proclamada por Bruno Lage, que cada jogo é uma final. Cada jogo são três pontos a conquistar. A amealhar e, logo, a somar. Para que, no final, o Benfica tenha mais pontos e, logo, receba, com orgulho e honra, o troféu correspondente a mais um título conquistado. Hoje não pode haver ansiedade mas sim intensidade. Hoje perante circunstâncias diferentes do jogo tem de haver inteligência - já que capacidade não falta! - para as ultrapassarem. È inequívoco que o jogo desta noite em Braga implica muita cautela e total disponibilidade. Muita entrega e total concentração. Um colectivo forte e instantes individuais de verdadeira e efectiva inspiração. E se tudo ocorrer, como espero e firmemente desejo, o Benfica, este Benfica, terá razões para sorrir na noite larga deste domingo. O que seria não só importante mas, acima de tudo, e antes desta primeira pausa para um tempo de selecções, bem entusiasmante. E como disse um dia Napoleão Bonaparte «o entusiasmo é a maior força da alma»! É mesmo!

4. Duas notas finais. Arrancou ontem na China mais um Mundial de basquetebol. No dia 15 de Setembro saberemos se os EUA conseguiram, ou não, o tri! O que sabemos é que os grandes nomes da NBA não marcam presença o que permite que Sérvia ou França, Espanha ou Grécia, Argentina ou Austrália possam sonhar com a conquista deste Mundial. A segunda nota para a confirmação do que aqui escrevemos há quinze dias: o Famalicão é uma equipa - uma SAD - a ter em conta. Está no topo da classificação. Tem adeptos apaixonados e fiéis. Como ontem se viu em Vila das Aves.


5. A vida é mesmo para ser vivida. E se assim for, e na sua variedade, como ocorreu com Jorge Fonseca, há momentos intensos e que mostram que «quanto melhor se enche a vida, menos se tem medo de perdê-la»!"


Fernando Seara, in A Bola

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