"Qualquer incidente com claques nos estádios ou nas proximidades deveria custar a perda de pontos aos clubes, fosse em que modalidade fosse.
“Este é o momento de travar a escalada”, afirmou, e bem, o Presidente da República sobre o incidente grave na Academia do Sporting, acrescentando que “não pode haver um estado dentro do Estado”.
A acção criminosa grave de Alcochete levada a cabo supostamente por adeptos de uma claque do Sporting é mais um dos muitos nesta época desportiva 2017/18 e nas anteriores. Recordo que, no ano passado, foi morto um adepto do Sporting praticamente à porta do estádio da Luz, supostamente por elementos de uma claque do Benfica. Para já não falar de outros incidentes gravíssimos que se repetiram semana atrás de semana.
Após o crime de Alcochete, como em outras ocasiões, agentes políticos e desportivos, no quente da polémica, rasgaram vestes; prometeram alterações de lei; garantiram lei e ordem no desporto no futuro e castigos “doa a quem doer”. Dizem-nos os casos do passado que nada de sério vai ser feito e que, muito em breve, presidentes de clubes e ministros vão continuar a conviver alegremente em almoços e jantaradas antes e depois de partidas de futebol que muitos assistem com bilhetes cravados.
Fora e dentro dos estádios vão continuar as agressões gratuitas, a entrada de material pirotécnico nos estádios, o cânticos a saudar a morte, a utilização das claques por organizações nazis e fascistas, o tráfico de droga, a violação de mulheres, os roubos em bombas de gasolina, e todo o tipo de criminalidade que todos sabem existir e a que todos, políticos e agentes desportivos, fecham os olhos de forma cúmplice. Até que aconteça outro caso mais grave e todos voltem a rasgar as vestes com conversa fiada.
Mas havia uma forma muito fácil de resolver a violência no desporto, assim houvesse vontade. Bastava que o Governo e os partidos políticos se sentassem a uma mesa e acordassem que qualquer incidente com claques nos estádios ou nas proximidades custasse a perda de pontos aos clubes, fosse em que modalidade fosse.
Por exemplo, entrada de material pirotécnico nos estádios, cânticos a apelar à morte ou à violência, perda imediata de um ponto. Incidentes graves, como confrontos entre claques, ataque a agentes da autoridade, crimes contra o património ou algo parecido como o que aconteceu em Alcochete, perda imediata de três pontos. Qualquer cidadão envolvido nesses incidentes e identificado pelas autoridades ficaria proibido de entrar em qualquer competição desportiva para o resto da vida. Repito, perda imediata de pontos e proibição de entrar em recintos desportivos estabelecida por lei de forma clara e sem contemplações, discussões ou criação de comissões de investigação.
Alguém tem dúvidas que, ao cabo de meia dúzia de casos de perdas de pontos efectivas e imediatas, os clubes tratariam eles próprios de afastar os criminosos dos estádios e do desporto e terminar de vez a violência? Querem acabar com a violência no futebol? Parem com a conversa fiada e ajam a sério."
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