"Um erro (rapidamente resolvido) na contratação de um jogador de Voleibol, levantou uma questão bastante pertinente nestes tempos em que o desporto já pouco se compraz com amores a camisolas.
De facto, seria hoje fantasioso defender que qualquer profissional vestindo circunstancialmente as nossas cores, tivesse de se assumir como benfiquista desde pequenino. Há inúmeros casos - no futebol e nas restantes modalidades - de grandes jogadores, admirados por todos nós, que nasceram com simpatias diferentes. Ao invés, Vítor Baía, Moutinho, Figo, Futre, Paulo Bento ou Fernando Santos, entre outros, são exemplos de figuras que gostavam do Benfica na infância, e acabaram por servir, com todo o profissionalismo, os nossos rivais directos. Não é isto, obviamente, que está em causa.
Não podemos exigir simpatias. Temos, porém, de exigir respeito. E quanto a respeito, como quanto a seriedade, não se abrem excepções.
Todo o desporto profissional é alicerçado nos adeptos. Sem eles não haveria quotização, bilheteira, televisão ou patrocínios. Não haveria nada.
Sem adeptos, CR7 jogaria, anónimo, com os amigos nas ruas do Funchal. Seria o melhor da rua, mas não ganhava um cêntimo. São os adeptos, e apenas eles, que pagam toda a máquina de distribuição de dinheiro em que se transformou o desporto profissional. Têm, por isso, de ser respeitados, sob pena de nada mais fazer sentido.
É preciso, pois, algum cuidado para que situações deste tipo não se repitam. Não são boas para ninguém – desde logo para os próprios atletas.
Neste caso concreto, o bom senso acabou por imperar. Fica a lição para o futuro."
Luís Fialho, in O Benfica
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