"A partir do exemplo do comandante da equipa bracarense, expulso no jogo contra o Casa Pia por «esbracejar fora da sua área técnica», nenhum técnico da Liga pode acabar um jogo
A pandemia de Covid-19 foi um período terrível para a Humanidade. O planeta parou. Graças ao esforço da comunidade científica, apareceu em tempo recorde não uma, mas várias vacinas que salvaram milhões de vidas. Choraram-se as almas que se perderam. Para o futebol foi um período estranho, um regresso aos soluços, sem público na bancada, até à normalização que hoje vivemos.
Foi horrível, sim, mas com os estádios vazios foi possível verificar o que de mau saía dos bancos de suplentes. Insultos gratuitos ao árbitro e 4.º árbitro do primeiro ao último minuto, aproximações e gestos agressivos, pouca elevação entre elementos técnicos que tinham obrigação de dar o exemplo. Em suma, uma falta de respeito primária que hoje em dia o barulho das bancadas abafa e os árbitros frequentemente ignoram – por medo, porque dá trabalho verter tudo no relatório ou porque é ‘normal’.
Foi por isso com estupefação que li a justificação da justiça desportiva para o castigo de um jogo aplicado a Rui Duarte. O treinador do SC Braga foi expulso frente ao Casa Pia por ter saído «deliberadamente da área técnica para protestar uma decisão da equipa de arbitragem, esbracejando com nítido gesto de repúdio.» Esbracejou. Fora da área técnica. Fechem a Liga. A sério. Ou isso, ou em todos os jogos vão expulsar treinadores e jogadores por motivos que têm a ver com a dignidade da mãe do árbitro. Dá pena estes critérios da justiça e a excecional intolerância do árbitro em causa, Tiago Martins. Rui Duarte perdeu um filho. No final do jogo disse não ter «cabeça» para ser «mal-educado» nesta fase da sua vida. O relatório revela que nem uma palavra foi dirigida ao árbitro. Sim, os gestos contagiam multidões, mas o caso esteve longe de provocar um tumulto. Foi um vermelho fácil, para um alvo fácil."
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