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terça-feira, 11 de abril de 2023

Curiosidade de uma digressão a África


"No Verão de 1950, a conquista da Taça Latina levou o Benfica até ao continente africano

Em 1950, o Benfica realizou aquela que é considerada a primeira grande digressão da sua história. Pelos mais variados motivos, o destino não podia ser outro senão África. O convite surgiu por parte da filial de Luanda e da delegação de Lourenço Marques, com o objetivo de estreitamento das relações entre o Clube e as suas filiais nas colónias. Após várias conversações, estabeleceu-se que a digressão se iniciaria dia 25 de Julho para terminar em 4 de Setembro. Além de Angola e Moçambique, o Benfica realizou também um jogo na África do Sul e outro no Congo Belga.
Ao anunciar a viagem do Benfica ao Ultramar, foram várias as cartas e os telegramas recebidos pelo jornal do Clube, escritos por portugueses residentes em Angola e Moçambique. Pediam que a caravana benfiquista visitasse uma determinada cidade ou região, porque eram muitos os benfiquistas aí residentes, ou que jogadores como Espirito Santo, Alfredo e Melão integrassem a caravana para visitarem Luanda. Um outro telegrama, enviado da cidade da Beira, em Moçambique, informava que um grupo de benfiquistas tinha encomendado uma obra de arte, de marfim, para oferecer ao Clube, tal como um outro, de Lourenço Marques, que referia a aquisição de uma valiosíssima taça de prata que se destinava a ser entregue ao Benfica como recordação.
Nesta deslocação, o Benfica foi alvo das mais variadas demonstrações de carinho, muitas vezes apoteóticas. À partida da comitiva encarnada, milhares de pessoas reuniram-se no Aeroporto de Lisboa, agitando bandeirinhas, para se despedirem dos seus ídolos. A chegada ao destino foi vivida pela comitiva com grande admiração e surpresa, pois milhares de pessoas reuniam-se para lhes dar as boas-vindas. Na chegada a Lourenço Marques, só 'muito a custo, foi possível tomar assento nos automóveis' que os conduziriam ao hotel, e, ainda assim, a equipa foi, nesse trajeto, acompanhada por um cortejo de automóveis que se prolongava por muitos quilómetros. Em êxtase, as pessoas aclamavam os seus ídolos, em especial Francisco Ferreira. Durante a estada em África, a comitiva benfiquista foi convidada para vários baquetes, organizados pelas mais diversas entidades, de tal modo, que, à chegada a Luanda, foram proibidos os banquetes e receções, pois considerou-se que estavam a afetar o desempenho físico dos jogadores.
Desta digressão o Benfica trouxe, além de muitos troféus e ofertas, um saldo positivo de conquistas, uma vez que em quinze jogos realizados somou onze vitórias, três derrotas e um empate.
Saiba mais sobre as digressões do Benfica na área 26 - Benfica Universal do Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Manana, in O Benfica

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