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quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Sentir o vermelho!


"O calor da cor que amamos não se sente apenas, também se vê. Sente-se na energia dos bruaás que enchem o estádio de alegria, sente-se na amizade que se encontra em cada cara, cadeira a cadeira, corredor a corredor. Vê-se no rubro imenso do estádio e na mancha humana que o enche de cor. Vê-se, canta-se até, nas papoilas saltitantes que irrompem pelo relvado e nos magnetizam duas horas a fio. Mas, se é verdade que todos sentem igual, não é igualmente verdade que todos vejam igual. Uns porque a natureza lhes subtraiu cruelmente a visão, outros porque, apesar de a visão estar perfeitamente funcional, a percepção de cor não segue a da maioria e gera equívocos na cor que embaraçam e muitas vezes trazem consequências. A maioria de nós não compreende o daltonismo, mesmo que saiba o que é. No entanto, não é difícil criar empatia para entender o que sente uma pessoa quando vê na televisão ou ao vivo um cartão amarelo ou vermelho sair do bolso de um árbitro e não reconhecer nele essa mesma cor, mas outra completamente díspar. Ou ainda ter de seguir sinaléticas de determinadas cores, para a sua vida prática do dia a dia ou mesmo para permanecer em segurança, e confrontar-se permanentemente com a dúvida da sua escolha face à leitura da cor. Por exemplo, um semáforo ou uma indicação num edifício para evacuação em caso de incêndio. Se pensarmos assim, facilmente percebemos que esta perceção diferente do mundo é muito mais difícil e injusta do que inocentemente parece à primeira vista. Temos a obrigação moral de compreender isso e fazer algo a seu favor. Para que todos, sem exceção, sintam o vermelho como nós."

Jorge Miranda, in O Benfica

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