"Já assisti a centenas de jogos de futebol no estádio. De norte a sul. Em Portugal e no estrangeiro. Vi bancadas da Luz e arder, adeptos a fugir e a pedir socorro, pancadaria valente por motivos extremamente compreensíveis: o lugar do bilhete. Episódios lamentáveis, felizmente em quantidade incomparavelmente menor do que os momentos de beleza que vivi.
Por estes dias, tem gerado muita polémica e imagem de um jovem benfiquista sem camisola nas bancadas de um estádio, a isso obrigado pelo corpo de segurança. Mais importante do que debateremos se a bola bateu na mão ou na orelha do defesa, se o testículo do avançado está adiantado ou se o VAR falhou porque estava distraído a jogar Candy Crush, parece-me que estamos num momento crucial para debater que futebol pretendemos para Portugal. Bem sei que o leitor me dirá, e com razão, que a CM Gaia, por exemplo, já tomou a inciativa de organizar um debate sobre a violência no desporto com o Dr. Fernando Madureira entre os oradores convidados. Mas é preciso um pouco mais. Se a estratégia para que os estádios apareçam mais preenchidos passa por forçar os adeptos a verem os jogos em tronco nu, então temo que apenas se consiga encher as bancadas quando as equipas inglesas vierem jogar a Portugal. Ainda agora foi nomeado o novo ministro da Saúde, e já querem preocupar o homem com hospitais cheios de adeptos de pingo no nariz? Claro que se pode iludir a discussão que verdadeiramente interessa com a questão das regras e da segurança, mas a minha preocupação tem mais que ver com o facto de terem impedido um menino de assistir a um jogo de futebol com a camisola do seu clube de coração - seja lá ele qual for. Opressão não alimenta paixão."
Pedro Soares, in O Benfica
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