"Há precisamente um ano e meio, Bruno Lage assumia a equipa principal do Benfica, e partia para uma segunda volta de campeonato inesquecível, com triunfos categóricos em Alvalade, no Dragão e em Braga, futebol bonito, goleadas históricas, recordes de golos, tudo traduzido num brilhante e merecidíssimo título nacional.
Já no início da nova época, o jovem técnico selou a Supertaça com estrepitosos 5-0 ao Sporting, e nas primeiras 19 jornadas do campeonato alcançou 18 triunfos (prosseguindo assim uma incrível série de 36 vitórias em 38 partidas da liga), que elevaram os encarnados a uma vantagem pontual que então chegou a parecer definitiva. A partir de meados de Fevereiro, foi o que, incrédulos, temos visto: 13 jogos deprimentes, com resultados de mal a pior.
É lugar-comum dizer-se que o futebol tem destas coisas. A verdade é que, em mais de quarenta anos de benfiquismo, não me recordo de tamanho contraste de exibições e resultados dentro de uma mesma temporada, ou até de uma temporada para outra. E, tal como a generalidade dos benfiquistas, não consigo perceber o que aconteceu, nem como foi possível desperdiçar um campeonato que tinha tudo para ser nosso, mais a mais num momento de notória fragilidade do principal rival. Independentemente do resto, importa salientar que Lage sempre se mostrou um profissional digno, conquistou títulos, e é merecedor de todo o nosso respeito. Mas é também preciso encontrarmos explicações cabais para o que sucedeu nestes meses, de forma a que tal não volte a repetir-se no futebol, qualquer que seja o treinador que venha a sentar-se no banco."
Luís Fialho, in O Benfica
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