"O primeiro-ministro búlgaro, Boyko Borisov, obrigou o presidente da federação de futebol a demitir-se na sequência das ofensas racistas dos adeptos à Inglaterra, escrevendo no Twitter: «Peço a Borislav Mihaylov que se demita imediatamente. É inaceitável que a Bulgária, um dos países mais tolerantes do mundo, no qual pessoas de diferentes etnias e religiões convivem em paz, seja associado a racismo e xenofobia». Tem, claro, razão no que aponta. Mas, já agora, para que vejamos as coisas em perspectiva, recupero uma ideia que o li num livro de título McMáfia, de 2008, sobre o crime organizado e suas ramificações; é uma obra do reputado jornalista e historiador britânico Misha Glenny, que cita a seguinte frase do mesmo Boyko Borisov, à data ministro da Administração Interna da Bulgária, depois de, especialista em artes marciais, ter aproveitado, segundo muitos críticos, o controlo intimidatório de uma empresa de segurança para ascensões políticas: «Ao surgirem nos primeiros anos da década de 90, foi no início da guerra que os grupos búlgaros de crime organizado começaram por contactar com os seus parceiros jugoslavos. Tiveram um grande choque. Os nossos homens estavam apenas a brincar aos gangsters, enquanto os jugoslavos já matavam e roubavam a sério, na Europa, havia décadas. Eram verdadeiramente agressivos e, ainda hoje, se quisermos matar alguém na Búlgaria, de forma fiável e mais em conta, então contratamos um sérvio. São os melhores assassinos».
Claro que se admite que o Borisov descrito no livro, com o tempo, tenha abordado a política búlgara com ideias mais serenas, ou até que o referido conhecimento fosse genérico e não de causa, mas o que me parece claro é que quando duas frases assim são associados à mesma pessoa, acreditar que qualquer violência no futebol é um problema do futebol é de uma inocência embaraçosa."
Miguel Cardoso Pereira, A Bola
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