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segunda-feira, 29 de abril de 2019

Prioridades

"A semana passada saiu uma notícia que o Benfica estaria disposto a pagar 3M pelo avançado do Vitória de Setúbal, Jhonder Cádiz. O venezuelano não é mau jogador. È um avançado bastante completo. Forte fisicamente e com alguma técnica. Não tem pedigree e por isso é que não é muito falado (e é tão barato). É um diamante em bruto. O Setúbal já desmentiu ter um acordo com o Benfica. No entanto, o caso traz à conversa a questão das prioridades.
Todos os verões o Benfica acaba por ir buscar alguém a uma equipa da Primeira Liga. No geral, os adeptos benfiquistas não gostam destas contratações porque na maioria dos casos são jogadores para emprestar. O modelo, no entanto, não é inovador. É o mesmo modelo que a Juventus anda a pôr em prática há alguns anos: comprar barato, emprestar e vender mais caro.
Há três anos para cá que a Juventus faz sempre 50-70M em jogadores excedentes. Há três motivos pelos quais o faz. Primeiro porque é capaz de identificar talento (tem um grande scouting), depois porque compra barato (e de boa qualidade, devido ao scouting) e terceiro porque tem aquele “pedigree”. Um jogador que passe na formação da Juventus é um jogador talentoso e com futuro. Há um jogador que passou pela Juventus nos nossos quadros. É o Gabriel. É o tal selo de qualidade.
Os bolsos do dono da Juventus são fundos. Não são tão fundos como os bolsos do dono do City, mas são muito fundos. Dava para comprar o Benfica mais de 25 vezes e ainda ficar com centenas de milhões de euros. O principal motivo que a Juventus faz isto, não é por motivos financeiros directos, mas sim indirectos. Ao vender estes jogadores todos e facturar estes milhões todos, a Juventus acaba por ter maior margem de manobra com o fair-play financeiros.
As motivações do Benfica são completamente distintas. Nós cumprimos o fair-play financeiro por uma margem significativa. O Benfica faz isto para ganhar dinheiro. Estamos a estabelecer o seu pedigree. A nossa formação já é reconhecida. Falta agora que os jogadores que emprestamos tenham sucesso.
A grande questão é se 1€ investido em jogadores para emprestar gera mais retorno que 1€ investido em jogadores para o 11 inicial. Quando olhamos para a lista de receitas do Benfica, os jogadores emprestados não são nenhuma das principais alíneas (pelo menos ainda). E como o Benfica é um clube de desporto, é certo que nenhum jogador emprestado gera títulos ao clube. Como tal, e numa altura que o Benfica anda a lutar pelo título com um jogador fundamental no 11 inicial que ainda não tem contrato para a próxima época, a prioridade deveria ser renovar com esse jogador e não andar à caça de jogadores para emprestar (que não sabemos se o Benfica está a fazer ou não).
O Samaris é parte do melhor Benfica desta época. Tem sido recorrentemente dos melhores em campo. É um jogador fundamental. A prioridade número 1 do Benfica até ao final da época no que toca a contratações, tem que ser renovar com o grego."

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