"Para muitos, este elevador é a diferença entre aprender ciência com as 'mãos na massa' ou entediados entre livros e manuais. Porquê? Simplesmente porque o Laboratório de Ciência fica no andar de cima, mas a escola não tem mais que escadas para lá chegar, e por isso a capacidade de andar torna-se determinante na capacidade de aprender ciências.
Quem fica triste são os jovens arredados do que os outros fazem, como se a escola que os quer proteger e desenvolver acabasse na realidade por ter de os excluir. Mas quem perde é o país, pois não há nada mais errado que reconhecer que o capital humano é a maior riqueza nacional e permitir que se desaproveitem pessoas e se percam potenciais talentos.
Nem todos serão cientistas no futuro, mas todos terão beneficiado da cultura científica na sua formação, e todos, por isso mesmo, serão melhores. Fazendo um paralelismo com o desporto, não é porque a maioria dos jovens não estão destinados a tornar-se atletas que deixam de praticar desporto ou não se criam espaços acessíveis à educação física e à prática desportiva. E todos sabemos que os benefícios do desporto na formação humana estão para lá das competições ou da saúde, entrando pela coesão social e pela competitividade e sucesso individual e organizacional. Às vezes, no entanto, negligenciamos. É assim também nas artes, e isso é cada vez mais reconhecido por todos, mas às vezes negligenciamos a ciência e o poder formativo e transformador que a democratização de uma cultura cientifica pode ter num país. É como se entrássemos no domínio do inacessível, das inteligências raras e das complexidades inacessíveis ao comum dos mortais. Logo, também aborrecido e de difícil compreensão.
Desinteressante, portanto!
Nada mais errado, a ciência é parte fundamental da educação integral do indivíduo, pode ser apaixonante, misteriosa e até divertida. A escola pode e deve incutir uma cultura científica nos alunos, tornando-os analíticos e desafiadores dos seus limites, reforçando o seu raciocínio lógico, a necessidade de experimentação e validação e, não menos importante, a capacidade de concluir a generalizar. Tudo isso se faz na ciência, que vive experiências e avaliações, tentativas e observações que conduzem a resultados, por entre os caminhos de resiliência, do conhecimento e da imaginação. É de tudo isto que se trata, num laboratório de ciências, de produzir resultados e compreende o caminho para lá chegar.
E, como inspirava um grande humanista ibérico, Miguel Unamuno, 'Não há senão o Caminho...'
É esse caminho de novas aprendizagens que se abre a todos com um simples elevador que elimina a mobilidade enquanto factor de exclusão e permite aos jovens mais condicionados pelo andar participar em igualdade de circunstâncias nas 'descobertas cientificas' e na experimentação das 'leis do Universo'. Não é pouca coisa, esta prenda dos atletas do futebol de formação, que assim ajudam os outros e aprendem a ser Benfica!"
Jorge Miranda, in O Benfica
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