"Foi há mais de 50 anos. Numa eliminatória da Taça dos Campeões Europeus, que estava prestes a correr mal, os jogadores do Benfica entreolharam-se, cerraram os dentes e aplicaram uma goleada ao Feyenoord: 5-1, com três golos no último quarto de hora. Nascia a célebre expressão ‘15 minutos à Benfica’.
Reza a lenda que os jogadores do Benfica estavam feridos no orgulho, ‘picados’ pelas palavras sobranceiras do austríaco Ernst Happel, que treinava os então campeões da Holanda. Quiseram mostrar a sua qualidade, que tinha sido posta em causa.
Outubro de 2023. Já foram gastas horas a debater os problemas do Benfica neste arranque de temporada – marcado, o arranque, pelo vazio na Liga dos Campeões. Nas provas internas, apesar de tudo, Supertaça ganha, apuramento tranquilo na Taça e sete vitórias na Liga; mas o empate com o Casa Pia fez disparar os alarmes.
Diagnósticos, não faltam. Saída de jogadores importantes, má abordagem ao mercado, reforços que tardam a render, tentativa de manter a ideia de jogo com intérpretes diferentes, gestão de balneário pós ‘caso Odysseas’, gestão de expetativas…
Tudo junto resulta em exibições cinzentas, equipa desgarrada, adeptos frustrados.
A verdade é que ainda (nem) estamos em novembro. O Benfica está a três pontos do primeiro lugar – e recebe o líder Sporting dentro de duas semanas.
Até lá, no entanto, tem outros jogos cruciais: a estreia na Taça da Liga com uma ‘final’ (se perder em Arouca, está fora de prova); no sábado, visita Chaves para o campeonato; quatro dias depois, reencontra a Real Sociedad, para a Liga dos Campeões, em San Sebastian, onde bem precisa de fazer mais do que fez na Luz.
Só depois haverá dérbi. Falta saber em que estado lá chega a equipa de Roger Schmidt. Ainda mais fragilizada e mergulhada em dúvidas? Ou fortalecida por resultados e exibições, reencontrada consigo própria?
São duas semanas em ritmo de urgência.
Os diagnósticos, múltiplos, têm imensos autores. Responsáveis pela situação, também serão vários. A terapêutica, no entanto, está nas mãos de Roger Schmidt. É a ingrata solidão da profissão de treinador.
Os jogadores, todavia, devem ter algo a dizer. Serão capazes de se sentir ‘picados’, feridos no orgulho, com o que se tem dito e escrito sobre eles? Poderá a atitude compensar alguma falta de organização? Deixarão, alguns, de se esconder no jogo? Poderão – de novo, alguns - contrariar o seu ADN e fazer a tal pressão alta que era imagem de marca da equipa há um ano?
Quatro jogos em duas semanas. Quase sem tempo para trabalhar. Dificilmente será agora que Roger Schmidt vá mudar a ideia de jogo. Têm a palavra os jogadores.
Os adeptos, frustrados pela realidade face às expetativas (que até incluíam alimentar o sonho de vencer a Liga dos Campeões…) bem agradeciam ’15 dias à Benfica’."
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