"Leio que os adeptos da Roma estão felizes perante o primeiro impacto de Mourinho e entendo-os, porque há um espírito de grupo que o carisma do português pode reforçar, somado à intenção de estabelecer “cultura de vitória”, historicamente coisa estranha no clube. Um jornal até escreveu que o expoente da alegria dos tifossi giallorossi foi o lance da confusão no Algarve entre Pepe e Mkytharian, visto como sintoma de uma grande união no plantel. Sem desvalorizar os laços emocionais, não acredito que garantam sucesso se o modo como se joga não for o primeiro alicerce. O que vi da Roma diante do F.C. Porto – demasiadas unidades para defender, linhas recuadas, exagero no recurso ao jogo direto para Dzeko – não foi nada entusiasmante, pelo contrário. Claro que Mourinho precisa de mais tempo para melhorar o processo, sobretudo o ofensivo e se for essa a sua intenção, e de reforços que façam verdadeiramente a diferença, mas vale a pena lembrar, sob pena de se repetirem desilusões anteriores, que o benefício da dúvida tem prazo de validade e que a crença coletiva ajuda a colocar um grupo na rota certa mas também se esvai depressa se os primeiros resultados fizerem com que os homens desconfiem do caminho escolhido.
No futebol português há tradicionalmente uma grande dificuldade em falar da qualidade, seja de jogo ou jogadores, como se ideias e atletas fossem apenas diferentes e não, necessariamente, uns melhores que outros, como em todas as atividades e funções. Nestes dias de mercado aberto, com transferências dissecadas em longas horas televisivas, o que mais há é teoria sobre “características” ou “ perfis” que “encaixam” melhor ou pior. O problema é que não há só perfis, há mesmo uns jogadores melhores que os outros, que dão mais às equipas e as fazem diferentes. O Real Madrid bem pode procurar alguém de perfil diverso, que encontrar melhor que Benzema ou Modric é tarefa hercúlea até para o mais tarimbado scout. O problema de Jorginho com Lampard no Chelsea também era bem mais que de perfil ou adequação a uma ideia, era não perceber que colocava demasiadas vezes o melhor a suplente. E como diz um amigo meu do futebol, experiente e sabedor, um treinador já é muito bom se conseguir sempre colocar os melhores em campo.
Sérgio Conceição bem pode procurar laterias sempre rápidos, incansáveis maratonistas de corredor, mas quando aparece este João Mário, com a qualidade que acrescenta desde já, duas conclusões devem tirar-se: que o treinador fisgou bem a alternativa que estava em casa mas também que nunca Manafá ou Nanu terão qualidade idêntica, por úteis que sejam. Com o mesmo nome de batismo surge o homem que, de repente, todos anunciam como novo profeta do meio campo do Benfica. Curiosamente quando quase todos reclamavam antes outras “características” de futebolista para o setor, com mais músculo e andamento (ou intensidade), que é precisamente João Mário está mais longe de garantir. Já qualidade sim, acrescenta sempre, seja onde for, e só o tempo deixará perceber a falta que fará ao campeão Sporting. Vejo nele uma capacidade de dar critério e de acrescentar a pausa de racionalidade ao jogo corrido dos leões que Matheus Nunes não tem (nem Tabata, por maioria de razões) e que Ugarte também não garante, pelo menos no imediato. Para Rúben Amorim, aparentemente, não fará tanta falta assim e o treinador leonino tem um duplo argumento a seu favor: o ter ganho, e ganho com mérito, logo no primeiro ano e quando poucos esperavam e de poucas vezes ter falhado nas escolhas dos jogadores e na adequação ao seu modelo. Obviamente, o benefício da dúvida é todo dele. Eu mantenho, todavia, a dúvida do benefício. Não me parece que o Sporting vá ser melhor sem o craque que agora é rival.
Sérgio Conceição bem pode procurar laterias sempre rápidos, incansáveis maratonistas de corredor, mas quando aparece este João Mário, com a qualidade que acrescenta desde já, duas conclusões devem tirar-se: que o treinador fisgou bem a alternativa que estava em casa mas também que nunca Manafá ou Nanu terão qualidade idêntica, por úteis que sejam. Com o mesmo nome de batismo surge o homem que, de repente, todos anunciam como novo profeta do meio campo do Benfica. Curiosamente quando quase todos reclamavam antes outras “características” de futebolista para o setor, com mais músculo e andamento (ou intensidade), que é precisamente João Mário está mais longe de garantir. Já qualidade sim, acrescenta sempre, seja onde for, e só o tempo deixará perceber a falta que fará ao campeão Sporting. Vejo nele uma capacidade de dar critério e de acrescentar a pausa de racionalidade ao jogo corrido dos leões que Matheus Nunes não tem (nem Tabata, por maioria de razões) e que Ugarte também não garante, pelo menos no imediato. Para Rúben Amorim, aparentemente, não fará tanta falta assim e o treinador leonino tem um duplo argumento a seu favor: o ter ganho, e ganho com mérito, logo no primeiro ano e quando poucos esperavam e de poucas vezes ter falhado nas escolhas dos jogadores e na adequação ao seu modelo. Obviamente, o benefício da dúvida é todo dele. Eu mantenho, todavia, a dúvida do benefício. Não me parece que o Sporting vá ser melhor sem o craqueque agora é rival."
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