"Fernando Gomes, presidente da FPF, convidou os presidentes dos clubes representados na Liga para uma reflexão, a ter lugar no próximo dia 17 de Dezembro, sobre a «competitividade externa do futebol português». Trata-se de uma matéria relevante,a que só os irresponsáveis poderão ficar alheios. Os sinais de declínio são alarmantes e o que virá, no contexto europeu, a seguir, não se compadecerá com as fragilidades evidenciadas por um futebol português que se perde em questões menores e não se está a preparar devidamente para um futuro que se antevê exigente. Usando uma nova liga a nível continental, que agrupe os emblemas mais ricos, como arma de arremesso, os grandes da Europa estão a obrigar a UEFA a promover uma evolução que tem muito de apartheid económico. Na realidade, de forma mais nítida logo que chegue a terceira competição de clubes, os dados estarão lançados e as consequências não se presumem benévolas para Portugal. Fernando Gomes faz bem ao alertar os presidentes para o que está em causa. Se estes persistirem no tresloucado salto rumo ao abismo em que estão apostados, o presidente da FPF poderá, pelo menos dormir descansado. Mas será assim tão difícil ver que não há nenhum país na Europa tão mau como Portugal no que respeita às relações entre clubes, que ao invés de prosseguirem uma demanda comum em prol da indústria, se enfraquecem sucessivamente em derivas acéfalas, a toque de caixa das franjas mais radicais?
Concluída a política de terra queimada em curso, o debate que se seguirá será o da privatização dos maiores clubes. É isso que querem?"
José Manuel Delgado, in A Bola
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