"Nas suas inteligentes e humoradas asserções, Dalai-Lima (não confundir com Dalai-Lama) escreveu, há dias: «Vídeo-árbitro em todos os jogos já para o ano pode lançar 3000 comentadores televisivos no desemprego».
Será mesmo assim? Não que não haja quase 3000 comentadores desportivos (melhor, futebolísticos), nos quais me incluo através da Bola TV, considerando que alguns se reproduzem à velocidade dos girinos. Mas, quanto ao despedimento por causa do vídeo-árbitro (em apalermado acrónimo é o VAR, lido em certas partes do país como BAR), permito-me, com a devida vénia, discordar.
Acho até que o tempo de alguns programas dedicados ao futebol, perdão à arbitragem, vai ficar mais enriquecido com este novo protagonista arbitral. Passamos a ter, o árbitro de campo, os dois árbitros assistentes, o 4.º árbitro, as múmias paralíticas da linha de fundo nas provas europeias e agora o tal de VAR. Vai ser um fartote.
Haverá menos casos para esmiuçar até ao tutano? Tirando aspectos de pura geografia campal e de cartolina, não sei, confesso. De uma coisa, porém, estou certo. A confusão vai continuar e a subjectividade imperará entre os mais acérrimos defensores de causas perdidas. É que sempre haverá casos onde a dúvida não se esvanece, por exemplo, quanto a dois factores não mensuráveis: a intencionalidade e a intensidade. A não ser que os canais televisivos se minuciem com aparelhagem sofisticada e polígrafos ultra-sensíveis. Lá teremos que gramar as suspeitas sobre os vários VAR e juízos infalíveis de contumazes CAR (comentador-árbitro). Já dizia Lampedusa: é preciso que algo mude para que tudo fique (quase) na mesma...
A VAR vamos!"
Bagão Félix, in A Bola
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