"Os casamentos entre os treinadores e os seus clubes não têm que gerar sempre vitórias. Até porque temos vários exemplos de bons casamentos e sinergias entre treinadores nos seus clubes que não geram títulos, mas sim estabilidade, vendas, estratégias e objectivos bem definidos e alcançados. Mas num clube como o Benfica, os objectivos e as estratégias necessitam de títulos e de vitórias regulares. É verdade que temos exemplos de que nem sempre as vitórias – mesmo nos três grandes em Portugal – significaram sinergias entre os clubes, ambiente e treinadores que resultassem numa paz saudável de trabalho.
Voltando a Rui Vitória, o treinador vindo de Guimarães ‘caiu’ no Benfica de modo bastante natural. Provavelmente existem sempre adeptos descontentes. Que consideram que para além de vencerem deveriam fazê-lo de outro modo. Mas de um modo geral, assim que Rui Vitória passou para a frente na Liga 2015/16, passou a estar melhor alinhado com a forma de estar do clube. Com algum grau de certeza, Rui Vitória afirmaria a esta minha frase que continua o mesmo, mas eu considero que existiu uma evolução e adaptação – natural em todas as profissões – que o levou a compatibilizar e tornar mais eficientes as suas intervenções. E hoje, o estado de espírito deste casamento aos olhos de fora, é que a estrutura e o treinador se potenciam um ao outro.
Será desnecessário discutir-se quem faz mais por quem, até porque os deveres e direitos de ambas as partes são diferentes. Hoje, o treinador português consegue responder aos desafios do clube do modo como o clube definiu previamente que deveriam ser correspondidos. Seja através de uma maior comunhão, seja através da formação, de estar mais preparado para a perda de jogadores nucleares, Rui Vitória responde a esses obstáculos como algo que, não sendo de todo bom, é o que tem de ser. Jorge Jesus sempre teve de aceitar a perda de jogadores. Teve de refazer plantéis após perdas de jogadores nucleares todas as épocas. Onde parece que este casamento é mais aprazível é na aceitação da formação como algo de orgulho e positivo, e na vontade das duas partes aceitarem o modo de ser do outro. E isso faz toda a diferença na estrutura + treinador.
Rui Vitória e Benfica sabem que não vão vencer sempre. Isso não existe! E é também isso que faz com que os clubes e os treinadores estejam sempre em alerta. Serem exigentes, não se deixarem acomodar. Mais do que o fim que é vencer, o meio como o atingem é provavelmente o foco do Benfica e outro qualquer clube em encontrar um treinador que se encaixe naquilo que é o modo de estar e ser dos respectivos clubes. E será assim quando Rui Vitória sair do Benfica."
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