"Só depois do intervalo o Benfica conseguiu soltar-se da asfixia e desbloquear o jogo.
Sem inspiração
1. Primeira parte com jogo fechado tacticamente, com as equipas a limitarem as iniciativas ofensivas do adversário, tornando o encontro pouco atractivo e sem situações claras de finalização. A natural imprevisibilidade inerente à idiossincrasia do jogo de futebol, a ser acentuada pela queda aguda da chuva, tornando a relva pesada, o jogo menos fluído e pejado de choques e duelos individuais. Maior responsabilidade para o favorito Benfica, demasiado ausente, talvez resquícios da embriaguez do sucesso recente, com pouca inspiração de Jonas e companhia, permitindo que o Vitória, com o seu duplo pivot no meio campo - Rafael Miranda e Zungu - tapasse todos os canais de ligação entre os sectores e garrotasse o habitual carrossel encarnado. Os movimentos dos jogadores dos corredores do Benfica pareciam demasiado padronizados e previsíveis, excepção para Cervi. Percebia-se que o Vitória posicionava-se de forma a travar as investidas dos homens da Luz, para depois soltar as suas motas do ataque.
Peso das lesões
2. As oportunidades escassearam ao longo de toda uma primeira parte equilibrada e marcada pelas lesões de Fejsa e Hurtado, saídas que implicaram alterações nas dinâmicas dos dois conjuntos, com o Vitória a fazer entrar Celis, adiantando ligeiramente Zungu, o que elevava os índices de agressividade e capacidade de recuperação da bola à equipa, mas retirou criatividade e ligação ofensiva ao seu jogo.
Jonas apareceu
3. Quanto ao Benfica, depois de uma primeira parte triste e menos conseguida, reentrou na partida com outra intensidade e rapidamente fez dois golos em dois momentos onde resolveu aparecer - as alterações ocorridas perto do intervalo no meio-campo vitoriano deram alguma liberdade ao brasileiro - e a vida ficou complicada para os pupilos de Pedro Martins, obrigados a mudarem o perfil da sua abordagem ao jogo. Mas nem as mudanças promovidas pelo técnico trouxeram mais arte ao conjunto vimaranense, incapaz de reagir e chegar com propósito perto da baliza de Ederson. A tentativa de tornar a sua equipa mais ofensiva, com as entradas de Teixeira e Sturgeon, retirou alguma solidez e organização defensiva ao conjunto vimaranense, libertando espaços para que os homens mais ofensivos do Benfica se projectassem e fossem criando oportunidades.
Muita alma
4. Mesmo com dificuldades em ter critério no seu jogo ofensivo, o Vitória empurrado pela sua inesgotável alma, conseguiu reduzir e reentrar na partida, aproveitando algum abaixamento dos níveis de vigilância dos jogadores encarnados e trazendo incerteza ao desfecho da partida. Mas a lei do mais forte imperou e o jogo não conheceu mais golos, permitindo ao Benfica ganhar a final com todo o mérito e fazer a dobradinha."
Daúto Faquirá, in A Bola
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