"Triste é o destino, a que chamamos “periférico” por pudor de utilização da palavra “pobre”, do futebol português, condenado a ser uma escala, um entreposto, um momento provisório para os melhores praticantes da modalidade – sejam eles portugueses ou estrangeiros. As partidas simultâneas de dois homens que ajudavam a subir o nível e a fazer a diferença junto dos adeptos dos respetivos clubes vem recordar-nos uma adenda à verdade anterior – é que tanto faz passar por cá a caminho de uma brilhante carreira internacional (e é isso que se augura a David Luiz) como dar aqui os últimos passos antes da reforma que, no caso dos futebolistas de qualidade, soa sempre a antecipada (caso de Liedson).
Dir-me-ão que as hipóteses de um percurso acompanhado sempre pela mesma camisola, pela mesma cor, pelo mesmo clube são hoje uma nulidade ridícula – pois se os pragmáticos liberais se preparam até para destroçar à espadeirada o Estado Social, se os ideólogos sem ideologia nos querem convencer que a mobilidade, a flexibilidade e a precariedade são hoje características essenciais do Emprego, não será inútil e “romântico” pensar em estabilidade e “longa duração” para uma profissão de picos de exigência, como é o futebol profissional? Sei que os argumentos correm contra mim, que estes tempos não se compadecem com mãos sobre o emblema e emblemas sobre o coração. Mas não me peçam que deixe de considerar decisivos, para o meu amor ao Futebol, símbolos como Eusébio, Humberto Coelho, Rui Costa, Nuno Gomes, Fernando Gomes, Vítor Baía, Jorge Costa, Vítor Damas, Manuel Fernandes ou Oceano. Hoje, com a alta rotação, haverá espaço e ocasião para que quem chega se transforme numa bandeira de clube, numa chave de equipa? Creio bem que não.
Fala mais alto o Deus-Dinheiro, que comanda como bem entende, sem se preocupar com a “carga” que transporta de um lado para o outro. David Luiz vai deixar saudades (e do jogo desta noite, mais importante do que se adivinha, sairá noção mais exata da falta que fará em campo), até porque era um potencial capitão do Benfica à altura dos históricos. Liedson e o seu físico improvável, as suas artes autênticas e as suas artimanhas de “moleque”, os seus sprints e os seus remates intempestivos vão criar um vazio difícil de suportar. Em menos de meio ano, o Sporting perde os seus dois símbolos: primeiro João Moutinho; agora o brasileiro, que nem deixa retorno financeiro digno desse nome. Diz Couceiro aquilo que pode (mas talvez não aquilo que devia): “Não há insubstituíveis no Sporting”. Diz um diretor com dois meses de casa sobre um jogador que ali entusiasmou durante sete anos e meio. E depois ficam todos muito surpreendidos quando a casa vem abaixo..."
Dir-me-ão que as hipóteses de um percurso acompanhado sempre pela mesma camisola, pela mesma cor, pelo mesmo clube são hoje uma nulidade ridícula – pois se os pragmáticos liberais se preparam até para destroçar à espadeirada o Estado Social, se os ideólogos sem ideologia nos querem convencer que a mobilidade, a flexibilidade e a precariedade são hoje características essenciais do Emprego, não será inútil e “romântico” pensar em estabilidade e “longa duração” para uma profissão de picos de exigência, como é o futebol profissional? Sei que os argumentos correm contra mim, que estes tempos não se compadecem com mãos sobre o emblema e emblemas sobre o coração. Mas não me peçam que deixe de considerar decisivos, para o meu amor ao Futebol, símbolos como Eusébio, Humberto Coelho, Rui Costa, Nuno Gomes, Fernando Gomes, Vítor Baía, Jorge Costa, Vítor Damas, Manuel Fernandes ou Oceano. Hoje, com a alta rotação, haverá espaço e ocasião para que quem chega se transforme numa bandeira de clube, numa chave de equipa? Creio bem que não.
Fala mais alto o Deus-Dinheiro, que comanda como bem entende, sem se preocupar com a “carga” que transporta de um lado para o outro. David Luiz vai deixar saudades (e do jogo desta noite, mais importante do que se adivinha, sairá noção mais exata da falta que fará em campo), até porque era um potencial capitão do Benfica à altura dos históricos. Liedson e o seu físico improvável, as suas artes autênticas e as suas artimanhas de “moleque”, os seus sprints e os seus remates intempestivos vão criar um vazio difícil de suportar. Em menos de meio ano, o Sporting perde os seus dois símbolos: primeiro João Moutinho; agora o brasileiro, que nem deixa retorno financeiro digno desse nome. Diz Couceiro aquilo que pode (mas talvez não aquilo que devia): “Não há insubstituíveis no Sporting”. Diz um diretor com dois meses de casa sobre um jogador que ali entusiasmou durante sete anos e meio. E depois ficam todos muito surpreendidos quando a casa vem abaixo..."
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