"Há futuro otimista para o jovem encarnado, apesar da época menos conseguida em termos individuais, proporcional ao abjeto rendimento coletivo. Nuno Tavares não melhorou os números em comparação com o ano transato e um rol de más exibições atirou-o para as catacumbas da opinião pública – situação que se deteriorou com o esfaqueamento reputacional resultante da partilha de vídeos inapropriados nas redes sociais – , azares que representam contexto adverso para o bem-estar do internacional sub-21 português.
No meio deste caos, surge a figura de José Mourinho, segundo se noticia por Itália, interessando-se pelo seu talento, tendo-o em conta para o novo projeto romano no qual Tiago Pinto tem responsabilidades: e é por estas duas figuras que passará a definição duma nova etapa na carreira do Nuno Tavares.
No entanto, até agora, certezas apenas uma: o desgaste que apresenta no SL Benfica torna-se, em certos momentos, obstáculo intransponível para o desenvolvimento do seu futebol, sendo uma mudança de ares fundamental para a sua evolução. Apesar da confiança de Jorge Jesus, as oportunidades escasseiam na sombra de Grimaldo, impedindo sequência consistente de minutos jogados.
Na Série A, o contexto tático transalpino seria lugar ideal para almejar a afirmação plena enquanto futebolista, ambiente propício para a correção das principais lacunas do seu jogo – a parte mental e as capacidades defensivas – e dar o passo em frente na caminhada prevista pelo atual técnico das águias, quando afirmou que Nuno seria o “futuro lateral da Seleção Nacional”.
Depois de uma época de estreia onde completou 24 jogos sob orientação de Bruno Lage e Nélson Veríssimo (acumulando dois golos e seis assistências), Nuno partiu para 2020-21 com estatuto reforçado, principalmente depois de ser um dos únicos elementos nascidos e criados no Seixal a merecer a confiança de Jorge Jesus.
Além de Nuno Tavares, apenas Ferro e Gonçalo Ramos resistiram à transição entre gerências no banco. O lateral acumulou quase a mesma dose de minutos (1302′ contra os 1376′ de 19/20), dispersos por 25 jogos – 14 dos quais a titular, o que lhe permitiu assistir para golo três vezes.
Se a lógica fazia prever uma melhoria significativa das estatísticas, que não aconteceu, muito mais preconizava o desenvolvimento das capacidades técnico-táticas do atleta: as potencialidades físicas do seu jogo foram úteis em determinados momentos da época (o jogo no Dragão, por exemplo), mas em causa estiveram quase sempre as suas debilidades ao nível da concentração nos momentos defensivos, com erros caricatos a marcarem muitas das suas exibições, nunca sendo possível discernir uma melhoria significativa nessa vertente ou mesmo em questões técnicas, nos capítulos do controlo de bola ou do passe, aspetos onde há muito a melhorar.
O potencial, porém, continua intacto. Há muito por explorar no talento de Nuno Tavares e Tiago Pinto, melhor do que a grande maioria, sabe-lo. No comando da AS Roma desde janeiro, como diretor desportivo, olha agora para a antiga equipa como fornecedora de talentos para o projeto que promete revitalizar o clube de Rómulo e Remo.
A escolha de José Mourinho não é alheia a essa vontade de revolucionar toda a equipa de futebol profissional, e a dupla portuguesa olha para o lateral esquerdo encarnado como opção muito viável enquanto concorrência para Spinazzola, o italiano titular do flanco esquerdo giallorossi.
Numa época marcada por lesões em catadupa, a posição foi um dos principais problemas do conjunto treinado por Paulo Fonseca, que teve que imaginar todo um leque de substitutos: desde as adaptações de Karsdorp ou Bruno Peres, passando pelo recurso a talento de origem caseira, de nome Calafiori, canhoto de 19 anos, que ascendeu à equipa principal em alturas de maior necessidade.
O contexto não foi o mais indicado e o peso da responsabilidade mostrou-o ainda frágil para aquele patamar competitivo, sendo essa a opinião generalizada dos superiores romanos segundo o La Gazetta dello Sport, decididos a ceder o jovem por empréstimo para facilitar a adaptação à competitividade sénior. O jornal aponta outros nomes além de Nuno Tavares, como Biraghi (ACF Fiorentina) ou Dimarco (Hellas Verona FC), enquanto hipóteses para o próximo plantel.
Porém, há concorrência a sul da ‘bota’ peninsular, onde o interesse é replicado: em Nápoles, o valor de mercado de Nuno é aliciante (7 milhões) para De Laurentiis, presidente do clube, que procura desesperadamente um reforço à esquerda para suprimir a ausência de Ghoulam, por lesão – Mário Rui é, neste momento, a única alternativa disponível.
A outra opção de mercado, muito mais complicada, é Alfonso Pedraza, uma das figuras do campeão da Liga Europa, o Villarreal CF. O “Submarino Amarelo” pedirá, segundo o mesmo periódico, um valor a rondar os 12 milhões de euros – também acessível aos cofres napolitanos, mas que exige confronto muito mais demorado à mesa de negociações.
Acontece que, perdendo Pedraza, os espanhóis comandados por Unai Emery olham para Tavares como forte hipótese para reforço da lateral, informações desvendadas por Nicólo Schira, reputado jornalista italiano que colabora com o jornal supracitado.
Efeito dominó que se espera como último recurso do destino em relação à carreira do lateral português. A dupla portuguesa que prepara a AS Roma 2021-22 seria fator determinante na vontade e desenvolvimento de Nuno Tavares.
Além disso, a aquisição do jogador encarnado representaria operação de baixo vulto para Dan Friedkin, CEO do clube, e encarada como de fácil e rápida resolução. Resta esperar pelas ideias dos encarnados e de Jorge Jesus no planeamento da sua época.
Grimaldo é sempre peça aliciante para o mercado internacional e poderia representar encaixe significativo, tão necessário para as contas defraudadas do clube. Nesse caso, Nuno seria obrigado a manter-se por Lisboa, ascendendo na hierarquia e tendo oportunidade de se consolidar finalmente no onze das águias."
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