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terça-feira, 30 de junho de 2020

O factor resiliência em tempos de desistência

"Em 1937, depois de uma época 'brilhantíssima (...) talvez como nunca tivesse tido', o râguebi lisboeta ia 'de mal a pior'.

Quando a modalidade se iniciou no Benfica, em 1924, o râguebi era praticamente uma novidade entre os portugueses. Quase quinze anos depois, era 'considerado por muitos como um jogo violento'. O Benfica recomendava a sua prática a homens 'física e moralmente fortes', dando à execução do râguebi um espelho daquilo que pretendia reflectir se si próprio enquanto Clube.
Depois de alguns anos de desenvolvimento, a modalidade esteve às vésperas de se extinguir, em Lisboa. Para contrariar esse processo, o Benfica foi fundamental, fazendo 'o impossível para que tal não suceda'.
No final de 1936, disputou-se a Taça António Simões, no Campo das Amoreiras. Nesse campo competiram as quatro equipas inscritas: Académico SC, CF Os Belenenses, Ginásio CP e Benfica, que venceu a competição somando 120 pontos contra 10 sofridos, em três partidas.
Avizinhava-se o Campeonato de Lisboa, com grande expectativa. Para concretizar uma bela competição, o quinze do Benfica foi composto 'quási exclusivamente por estudantes', recrutados de escolas onde se praticava o râguebi. Parte da degradação da modalidade devia-se à incompreensão de alguns praticantes, degenerando 'em verdadeira batalha campal quando esses homens não possuem uma noção exacta do desporto'.
'Para surpresa de todos', apenas duas equipas se inscreveram: o Benfica e o Académico SC. O râguebi 'lisboeta, pelos vistos, vai de mal a pior', comentavam os jornais. O campeonato seguiria, com duas equipas, em 1.ª e 2.ª categorias, com datas marcadas para 4 de Abril e 9 de Maio de 1937, no Campo das Amoreiras. Mas, em todas as partidas, 'ao Benfica foram adjudicados os pontos regulamentares' por falta de comparência da equipa adversária, que 'seguiu as pisadas dos outros clubes'.
Nos jornais, as notícias de râguebi viram-se reduzidas a um parágrafo, sendo um 'campeonato sem jogos, sem história'. A imprensa criticou as equipas 'que fugiram à chamada'. Os clubes argumentavam que tinham 'falta de local para treinos'.
O Benfica 'adjudicado' campeão, recebeu uma taça com pouco mais de 15 centímetros, compatível com que a secção do Clube descreveu ser uma 'história tão triste, que é preferível pormos um ponto final no assunto'.
Este episódio é um exemplo fundamental de que impedir a realização do bonito espectáculo do desporto não é, nem nunca foi, uma decisão bem aceite. A resiliência do Benfica ao continuar 'a trabalhar para que não acabe tão belo desporto', face às acções e 'culpa única de alguns senhores que se julgam desportistas', valeu mais que o reflexo da prata que recebeu.
Saiba mais sobre a história do 'desporto da bola oval' benfiquista na Área 2 - Jóias do Ecletismo, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

1 comentário:

  1. Um benfiquista insuspeito e prestigiado que se apresente como candidato para vencer, fazer uma limpeza do lixo que invadiu o nosso clube e apagar este lume brando em que o vamos vendo arder. Que saiba reunir-se de uma equipa de benfiquistas insuspeitos, prestigiados, competentes - há tantos, tantos! Que apresente um projeto irrecusável (para o futebol e as modalidades, das quais não prescindimos) pela maioria dos sócios. Que livre o SLB das dependências inacreditáveis de agentes de jogadores. Que saiba ser um verdadeiro líder. Que entregue a gestão do futebol a um diretor desportivo com conhecimento, personalidade e pulso. Que deixe ao treinador a liberdade da gestão do plantel nos jogos. Que contrate jogadores competentes, raçudos, combativos, fisicamente fortes. Que traga para colaboradores do clube antigas glórias com raça (para ajudar na formação e no ensino da mística, para os comentários dos jogos, para os debates na BTV – lembro-me de Álvaro Magalhães, Mozer, Humberto Coelho, Paneira, Diamantino…). Que faça da BTV aquilo que ela já foi – um canal independente, poderoso e um espaço de liberdade de opinião – a televisão que seja o orgulho e a subscrição de todos os benfiquistas. Que promova uma auditoria independente que nos diga a verdade dos negócios e das milhentas peripécias esquisitas que nos fazem confusão e nos atormentam a alma. Que trabalhe para restituir ao Benfica a sua grandeza, sucesso e dignidade nacionais e internacionais.
    Com um presidente assim, o Sport Lisboa e Benfica tornar-se-á IMPARÁVEL.

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